O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Donald Trump, declarou nesta sexta-feira (5) que os EUA “perderam a Rússia e a Índia para a sombria China”. A fala ocorreu em comício de campanha, no qual ele voltou a adotar tom crítico contra a crescente aproximação de Moscou e Nova Déli com Pequim, sobretudo no âmbito do BRICS.
Trump acusou o atual governo norte-americano de “fracassar” em manter relações de proximidade com Índia e Rússia, que hoje se articulam com a China em iniciativas políticas e econômicas. Segundo ele, esse alinhamento fortalece Pequim e enfraquece a capacidade de Washington de impor sua agenda no cenário global.
O discurso ecoa preocupações da Casa Branca e de setores estratégicos dos EUA diante do avanço do BRICS, bloco que nos últimos meses intensificou debates sobre moedas locais, comércio intra-grupo e ampliação de parcerias energéticas. Para analistas, a retórica de Trump reforça o uso da rivalidade com a China como eixo central de sua campanha presidencial, buscando mobilizar eleitores em torno da ideia de ameaça externa.
Embora a Índia mantenha relações estreitas com Washington em áreas como tecnologia e defesa, a cooperação dentro do BRICS e projetos conjuntos com a China em infraestrutura e energia têm ampliado sua autonomia diplomática. A Rússia, por sua vez, estreitou ainda mais os laços com Pequim após as sanções ocidentais motivadas pela guerra na Ucrânia.
As declarações de Trump ocorrem em um contexto de acirramento da disputa geopolítica, em que os Estados Unidos tentam conter a influência global da China enquanto países emergentes buscam ampliar protagonismo. O tema deve seguir no centro do debate eleitoral norte-americano, com reflexos diretos sobre a política externa da maior economia do mundo.