China rejeita proposta de Trump sobre desarmamento nuclear e reforça postura de autodefesa

Pequim considera “irracional” a inclusão em negociações com EUA e Rússia e cobra responsabilidades das potências nucleares

(Foto: Reprodução / Facebook)

A China classificou como “irracional e irrealista” a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de incluir Pequim em negociações de desarmamento nuclear ao lado de Washington e Moscou. A resposta foi dada nesta quarta-feira (27) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, que destacou as profundas diferenças entre os arsenais e as políticas nucleares dos países.

“Os arsenais da China e dos Estados Unidos não estão no mesmo nível, e o ambiente de segurança estratégica e as políticas nucleares dos dois países são totalmente diferentes”, afirmou Guo. Ele acrescentou que cabe às potências com os maiores estoques de ogivas — EUA e Rússia — cumprirem suas responsabilidades prioritárias no processo de desarmamento.

Estratégia de autodefesa

O porta-voz reforçou que a China mantém uma política nuclear baseada na autodefesa e no compromisso de não ser a primeira a usar armas nucleares em qualquer circunstância. Também afirmou que Pequim não pretende entrar em uma corrida armamentista, sinalizando que seu foco é manter uma postura estável e previsível em meio às tensões internacionais.

Além disso, Guo destacou que a China está pronta para assinar o tratado do Sudeste Asiático que proíbe armas nucleares na região assim que a documentação for concluída — gesto visto como um reforço à sua imagem de potência responsável no cenário global.

O discurso de Trump

As declarações de Trump foram feitas na última segunda-feira (25), em Washington, antes de um encontro com o presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung. Na ocasião, o republicano defendeu avanços na desnuclearização global e disse acreditar que Rússia e China poderiam estar dispostas a negociar. “Não podemos deixar que as armas nucleares proliferem. Temos que acabar com as armas nucleares. O poder é muito grande”, afirmou.

Impactos para o Brasil e para o mundo

O impasse evidencia mais um ponto de atrito nas já complexas relações entre China e Estados Unidos, o que pode ter reflexos indiretos para países emergentes como o Brasil. Em meio às disputas entre as grandes potências, cresce a importância de fóruns multilaterais como os BRICS, que recentemente lançaram o BRICS Pay e ampliaram a cooperação em setores estratégicos.

Para especialistas, a posição chinesa indica que Pequim seguirá priorizando acordos regionais e bilaterais em que possa reforçar sua imagem de ator pragmático, sem abrir mão da dissuasão nuclear. Para o Brasil, parceiro estratégico da China, o movimento reforça a necessidade de equilibrar suas relações externas, garantindo abertura comercial e cooperação tecnológica sem se deixar aprisionar pelas tensões geopolíticas entre Washington e Pequim.

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