Entrou em vigor nesta quinta-feira (1º) a nova política tarifária dos Estados Unidos, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, que voltou a adotar medidas protecionistas em escala global. A iniciativa prevê tarifas entre 25% e 50% sobre produtos de 20 países que não firmaram acordos comerciais recentes com Washington — entre eles, o Brasil.
Apesar de o Brasil constar na lista das nações notificadas, especialistas avaliam que o impacto direto sobre a economia brasileira tende a ser limitado no curto prazo. Isso porque as tarifas se aplicam a produtos específicos e não a todo o comércio bilateral. O governo brasileiro ainda não comentou oficialmente sobre os setores afetados, e entidades do setor produtivo aguardam detalhamento das medidas.
Países como Reino Unido, Japão, Vietnã e União Europeia conseguiram negociar previamente acordos que limitaram suas tarifas a percentuais entre 15% e 20%. Já o Canadá, mesmo integrante do USMCA (acordo comercial com os EUA e o México), teve alguns produtos atingidos por elevações tarifárias pontuais, devido a divergências sobre cooperação no combate ao tráfico de drogas.
No caso do México, um acordo temporário de 90 dias foi firmado após conversa entre Trump e a presidenta Claudia Sheinbaum, o que garantiu uma trégua nas novas medidas.
Enquanto isso, as negociações entre Estados Unidos e China continuam. As duas maiores economias do mundo discutem a prorrogação da moratória tarifária de 90 dias, que termina em 12 de agosto. O diálogo vem sendo conduzido desde maio, com sinalizações positivas de ambos os lados.
A política adotada por Trump tem sido alvo de críticas internas nos EUA. Economistas alertam para possíveis efeitos colaterais, como aumento da inflação e tensões com parceiros comerciais estratégicos. Já setores industriais americanos pedem mais previsibilidade e criticam a imposição de tarifas sem aprovação do Congresso.
Para o Brasil, o cenário reforça a importância da diversificação de parcerias comerciais. Nas últimas décadas, o país tem ampliado seus laços com mercados como a China — seu principal parceiro comercial desde 2009 — além de integrar blocos como o BRICS e buscar maior inserção nos fóruns multilaterais.
Ainda é cedo para medir o alcance real das novas tarifas sobre os produtos brasileiros, mas a expectativa é que o governo federal acompanhe os desdobramentos com cautela, buscando preservar o equilíbrio das relações comerciais com os Estados Unidos sem abrir mão de sua autonomia diplomática e comercial.