Bolsonaro critica tornozeleira eletrônica e acusa STF de “suprema humilhação”; tensão entre Brasil, EUA e China marca cenário

Ex-presidente reage a decisão judicial em meio a disputas comerciais e pressões internacionais sobre o Brasil

(Foto: Reprodução / Getty Images)

O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a ocupar o centro do debate político nesta terça-feira (15), ao classificar como “suprema humilhação” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou o uso de tornozeleira eletrônica, além da retenção de seu passaporte. A medida, imposta no contexto das investigações que apuram tentativa de golpe de Estado, foi duramente criticada por Bolsonaro em entrevista concedida em Brasília.

“Colocam uma tornozeleira eletrônica em um ex-chefe de Estado, algo inédito, sem qualquer condenação transitada em julgado. É uma suprema humilhação, um ataque à democracia”, disse Bolsonaro, que também afirmou ser alvo de perseguição política.

A decisão do STF ocorre em um momento de forte tensão entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Nos bastidores, aliados de Bolsonaro têm atribuído as pressões judiciais internas à influência internacional, numa tentativa de construir uma narrativa de vitimização política.

China acompanha cenário com cautela

O episódio tem sido observado de perto por diplomatas chineses em Brasília. Fontes ouvidas pela Agência Brasil China relatam que o governo chinês mantém a postura de não interferência nos assuntos internos do Brasil, mas acompanha com atenção o desdobramento político, sobretudo em função do impacto que isso pode ter sobre as negociações comerciais em curso.

Em meio à escalada tarifária dos EUA contra o Brasil, a China tem se posicionado como parceira estratégica, buscando fortalecer acordos no setor agroindustrial, de energia e tecnologia. Pequim também manifestou oficialmente solidariedade ao Brasil contra as medidas protecionistas norte-americanas.

Pressão da direita global

Em paralelo às críticas internas, aliados de Bolsonaro têm explorado o tema internacionalmente. Segundo a BBC Brasil, assessores do ex-presidente articulam campanhas de apoio nos Estados Unidos e em países da Europa, reforçando o discurso de que haveria uma perseguição política com viés ideológico.

O próprio Trump, em recente entrevista, mencionou o caso brasileiro como exemplo de “politização da Justiça” e incluiu o Brasil entre os países que, segundo ele, poderiam sofrer retaliações comerciais caso não “corrijam seus rumos”.

Oposição reage e defende independência do Judiciário

Parlamentares da base do governo Lula e líderes de partidos do centro político saíram em defesa da decisão do STF, destacando que o Brasil é uma democracia consolidada e que as instituições funcionam dentro dos parâmetros constitucionais.

“Não existe suprema humilhação, existe responsabilidade. Quem atenta contra o Estado Democrático de Direito precisa responder pelos seus atos, independentemente de cargo ou posição política”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Cenário se complica para o Brasil no tabuleiro internacional

Para analistas ouvidos pela Agência Brasil China, o Brasil enfrenta uma situação delicada. De um lado, precisa administrar as consequências econômicas das tarifas norte-americanas; de outro, lida com pressões políticas internas e externas que podem afetar sua imagem internacional.

A China segue reforçando sua disposição em aprofundar parcerias com o Brasil, independentemente do contexto político. No entanto, especialistas apontam que a estabilidade institucional brasileira é vista como um fator essencial para atrair investimentos chineses de longo prazo, especialmente em setores como energia, infraestrutura e inovação tecnológica.

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