A China condenou duramente o recente ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã, classificando a ação como “extremamente perigosa” e um golpe à credibilidade internacional de Washington. A resposta contundente de Pequim foi divulgada após uma reunião emergencial do Conselho de Segurança da ONU, no último domingo (22), convocada para discutir a escalada do conflito no Oriente Médio.
O embaixador da China na ONU, Fu Cong, afirmou que “é preciso conter o impulso pela força” e destacou que o momento exige cautela para evitar que a situação “fuja do controle”. Ele também reforçou que os ataques, especialmente os promovidos por Israel, devem cessar imediatamente para impedir o agravamento da guerra e a propagação do conflito pela região.
O episódio marcou a maior ofensiva militar ocidental contra a República Islâmica desde a revolução de 1979, com os EUA alegando ter “destruído” instalações-chave do programa nuclear iraniano. A ação, no entanto, gerou críticas generalizadas por parte de países como China, Rússia e Paquistão, que propuseram uma resolução no Conselho de Segurança pedindo cessar-fogo imediato e incondicional.
Em tom firme, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, declarou que atacar estruturas nucleares supervisionadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) é uma “grave violação da Carta das Nações Unidas”. Segundo ele, a China está disposta a colaborar com todos os países interessados na restauração da estabilidade no Oriente Médio, por meio de diálogo e mecanismos multilaterais.
A crise também mobilizou os esforços diplomáticos e logísticos de Pequim. De acordo com Guo, mais de 3 mil cidadãos chineses que residiam no Irã foram retirados com segurança, incluindo moradores de Hong Kong e Taiwan. Em Israel, a embaixada chinesa também organizou a evacuação de mais de 500 pessoas.
O episódio reforça a crescente postura da China como mediadora em zonas de conflito e defensora de um sistema internacional baseado em equilíbrio multipolar. Com a sua proposta de um sistema financeiro e político global menos centrado nos EUA, Pequim tem ampliado sua influência em regiões-chave, inclusive no Oriente Médio.
No Brasil, que mantém relações diplomáticas estáveis tanto com China quanto com Irã e EUA, a diplomacia acompanha com atenção os desdobramentos da crise. Como membro do BRICS, o país compartilha com a China a defesa de soluções negociadas e da valorização do papel da ONU como fórum para resolução de conflitos.
A escalada no Oriente Médio coloca mais uma vez o multilateralismo à prova — e a reação da China sinaliza que as tensões entre potências não devem ser tratadas apenas com demonstrações de força, mas com responsabilidade global.