Em editorial publicado nesta semana, o jornal chinês Global Times — vinculado ao Partido Comunista da China — criticou duramente os movimentos recentes da liderança de Taiwan, acusando a ilha de buscar uma “divisão deliberada” com o continente ao se aproximar estrategicamente dos Estados Unidos. Segundo o veículo, essa postura representa um caminho sem saída e agrava a instabilidade no Estreito de Taiwan.
A crítica veio logo após a posse do novo líder taiwanês, Lai Ching-te, cuja retórica pró-independência reacendeu tensões diplomáticas com Pequim. Para o governo chinês, a chamada “independência de Taiwan” é inaceitável e viola o princípio de “Uma Só China”, base das relações diplomáticas do país com o restante do mundo, incluindo o Brasil.
De acordo com o Global Times, a estratégia da nova administração taiwanesa se apoia em promessas vazias de apoio militar dos Estados Unidos, enquanto ignora os riscos econômicos e geopolíticos que esse alinhamento pode provocar. O jornal ainda alertou que a crescente militarização da ilha e o estímulo externo à separação só aumentam o risco de conflito na região.
A China tem reiterado que a reunificação com Taiwan é um objetivo histórico e inevitável. O governo chinês afirma que prefere uma solução pacífica, mas não descarta o uso da força caso “elementos separatistas” cruzem linhas consideradas inegociáveis.
Para o Brasil, que historicamente reconhece o princípio de Uma Só China desde 1974, os recentes acontecimentos são acompanhados com cautela. A política externa brasileira mantém posição firme de não reconhecimento da independência de Taiwan e de respeito à integridade territorial chinesa. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro reitera seu compromisso com a paz e a estabilidade regional, defendendo o diálogo e a diplomacia como caminhos prioritários.
No atual contexto internacional, a tensão no Estreito de Taiwan representa não apenas um impasse regional, mas um ponto sensível das disputas geopolíticas entre EUA e China. O desfecho desse cenário pode ter implicações profundas para o comércio global, segurança asiática e o equilíbrio estratégico do Indo-Pacífico.
