A China reduziu suas importações de fibra de algodão dos Estados Unidos em quase 12 vezes, totalizando apenas US$ 27,7 milhões em março. No ano passado, esse item figurava entre as dez principais fontes de receita para os exportadores norte-americanos, segundo cálculos da Sputnik com base em dados da alfândega chinesa.
As compras chinesas de fios químicos caíram 40%, chegando a US$ 9,1 milhões; as de fibras químicas diminuíram 16%, totalizando US$ 5,7 milhões; e as de algodão em rama, feltros e materiais não tecidos recuaram 25%, para US$ 11,6 milhões. As importações chinesas de tecidos especiais, como os bordados, despencaram cerca de 14 vezes, para apenas US$ 94 mil. As de tecidos de malha caíram para US$ 47 mil, os tapetes recuaram 1,7 vez, para US$ 358 mil, e os tecidos preparados ou revestidos caíram 12%, somando US$ 3,5 milhões. No geral, as exportações de tecidos dos EUA para a China em março deste ano caíram 6,3 vezes, totalizando US$ 58,2 milhões.
A China também reduziu as importações de carne e peixe dos EUA em março, em meio à intensificação da guerra comercial entre os dois países.
As exportações de carne caíram 29% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 165,5 milhões. As importações de carne de frango diminuíram quase seis vezes, para US$ 6,3 milhões, e as de carne suína recuaram 20%, totalizando US$ 9,9 milhões. As compras de peixes e frutos do mar recuaram 15%, somando US$ 73,3 milhões. As importações de camarão caíram mais de 30%, para US$ 18,9 milhões.
Em 2 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva introduzindo “tarifas de reciprocidade” sobre importações de diversos países, incluindo a China. A alíquota para exportadores chineses aos EUA chegou a 145%, enquanto a taxa para fornecedores norte-americanos à China atingiu 125%. Alguns especialistas disseram à Sputnik que esse nível tarifário representa, na prática, uma paralisação do comércio entre as duas maiores economias do mundo.
OPORTUNIDADE PARA O BRASIL – Segundo analistas e associações do setor de carnes, o aumento das tarifas impostas pelos EUA não deve prejudicar as exportações de carne bovina do Brasil para seu segundo maior mercado externo — ao contrário, o cenário pode até favorecer a ampliação das vendas.
Segundo João Figueiredo, analista da consultoria Datagro, a demanda dos EUA é tão forte que o Brasil preencheu uma cota anual de 65.000 toneladas livre de tarifas em apenas 14 dias este ano, o que nunca havia ocorrido.
Além disso, os pecuaristas brasileiros estão em condições de aumentar a oferta, disse Figueiredo, destacando a ampla disponibilidade de gado no Estado do Mato Grosso.
No entanto, as importações brasileiras de carne bovina que excedem uma cota predeterminada pagam uma tarifa de 26,4%, mas uma taxa adicional de 10% foi aplicada, elevando o total para 36,4% depois que Trump intensificou sua guerra comercial. (Com agências).