Lula volta a criticar políticas tarifárias de Trump: ‘quer virar imperador do mundo’

Presidente brasileiro defende que magnata pare de dar 'palpites em todos os países'

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar nesta quinta-feira (20/02) seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, pela promoção de uma guerra comercial, por meio de medidas protecionistas, e acusou o republicano de querer se tornar o “imperador do mundo”.

Durante uma entrevista concedida à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro, o mandatário brasileiro destacou que a política do atual governo norte-americano de impor tarifas contra diversos países pode prejudicar sua própria economia, e lembrou que o magnata foi eleito “presidente dos Estados Unidos, e não presidente do mundo”.

“Ele está taxando os produtos de todos os países. Isso vai causar inflação nos EUA, vai aumentar o preço das coisas nos EUA. Pode não ser uma boa política para os EUA. Eu, sinceramente, gostaria que o presidente Trump levasse em conta de que é preciso respeitar a soberania de cada país”, declarou Lula.

De acordo com o líder petista, Trump “precisa tomar muito cuidado” com suas abordagens e parar de dar “palpites em todos os países”, ao afirmar que “do jeito que ele está fazendo, ele está tentando virar um imperador do mundo”.

Ainda sobre as medidas tarifárias do governo norte-americano, Lula reforçou o posicionamento brasileiro de assumir uma política de reciprocidade. Recentemente, o republicano declarou a imposição de tarifas sobre importação de aço e alumínio, o que impactaria diretamente na economia do Brasil.

“Se, por acaso, o presidente Trump taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil, não tem outra alternativa. Isso vai encarecer os produtos para todo mundo, pode aumentar a inflação em todo o mundo. Então, não é correto o que ele está fazendo”, frisou.

Até o momento, o presidente brasileiro revela não ter tido um contato direto com Trump, mas que tem apenas ouvido os “rompantes” do republicano, que “quer tomar o Canadá, a Groenlândia, o Canal do Panamá e até mudou o nome do Golfo do México”.

“Ele foi eleito presidente dos EUA e tem que cuidar dos EUA. No mundo, cada presidente cuida do seu pedaço”, salientou, acrescentando que o mandatário da Casa Branca repete a estratégia “habitual da extrema direita” de “falar todo dia, toda hora, sem medir as consequências”.

Trump deve ‘ouvir União Europeia’

Na quarta-feira (19/02), Lula também criticou o fato de a União Europeia (UE) e a Ucrânia não terem sido convidadas para a mesa de discussões sobre a guerra com a Rússia, durante um encontro marcado entre as delegações de Washington e Moscou em Riad, capital da Arábia Saudita. 

O presidente brasileiro defendeu a inclusão das lideranças europeias e ucranianas durante um evento com o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, no Palácio do Planalto, em Brasília, um dia após a reunião que debateu questões de paz envolvendo o conflito bélico dos países dos mandatários Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, além da reconstrução de relações bilaterais entre EUA e Rússia.

“Acho errado. Não é nem chamar só o Putin ou chamar só o Zelensky. Tem que chamar os dois e colocar na mesa de negociação, e encontrar um denominador comum que possa restabelecer a paz”, disse Lula, acrescentando que o Brasil tem a tradição de tentar promover a paz, sendo contrário a guerras e divergências.

Ainda segundo o petista, o presidente dos EUA tem um papel fundamental nas negociações. Para ele, “se Trump estiver realmente comprometido e quiser a paz, ele pode conseguir.” Desta forma, sustentou que a participação da União Europeia nas negociações de paz é necessária, uma vez que o bloco se envolveu no conflito “com muita força”.

“O papel do Trump de querer negociar sem querer ouvir a União Europeia é ruim, muito ruim. A União Europeia se envolveu nessa guerra com muita força e agora não pode ficar de fora da negociação”, declarou Lula.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui