A “Pele de Espírito”, também conhecida como “Da Xiang Zhu” (bambu ruidoso), é uma antiga arte de dança folclórica que há séculos é praticada no condado de Shan. Em 2013, essa tradição foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de nível provincial em Shandong.
Segundo a lenda, há milhares de anos, o condado de Shan ficava às margens de Mengzhuze, uma das nove grandes lagoas da China Antiga. Naquela época, os moradores locais viviam principalmente da pesca e da caça. Para celebrar as boas colheitas e pedir uma vida próspera, eles se fantasiavam de peixes, camarões, moluscos e tartarugas, imitando os movimentos dessas criaturas aquáticas em danças festivas. Assim nasceu a dança “Pele de Espírito”.
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No entanto, com o passar dos anos, essa tradição foi sendo esquecida. Apenas em 2009, a herdeira cultural Bai Dongju e a diretora do Museu de Arte de Shan, Chen Wenjuan, decidiram resgatar essa prática. Elas visitaram moradores mais velhos, coletaram histórias e organizaram documentos históricos.
“Eu ouvia falar dessa dança quando era criança”, lembra Bai Dongju. “Depois, recorremos às lembranças do mestre Zhang Liuqi, da quarta geração, para reconstruir o que hoje as pessoas conhecem como ‘Pele de Espírito’.”
Essa dança é coletiva e exige mais de 60 participantes para uma apresentação completa. O espetáculo começa com dois dançarinos batendo o “bambu ruidoso”. Em seguida, entram em cena personagens como o “bola de fogo”, o “carroceiro”, o “oficial cômico”, o “porta-lanterna”, o “porta-bandeira”, o “barco de flores”, o “pescador” e a “pescadora”. O público acompanha o movimento ondulante das bandeiras azuis, que imitam as ondas, ao som ritmado de tambores, gongos e pratos metálicos. Os dançarinos executam passos variados, como o “passo à frente”, o “passo de palco” e o “passo miúdo”, imitando o comportamento das criaturas aquáticas.
Em uma apresentação de “Pele de Espírito”, a semelhança com os animais aquáticos é essencial.
“O peixe deslizando, o camarão saltando e o sapo pulando são as bases dessa dança”, explica Bai Dongju. Cada dançarino precisa ensaiar separadamente para dominar os movimentos: o andar vagaroso da tartaruga, o deslocamento lateral do caranguejo e o abrir e fechar da concha do molusco. Quando vestem as fantasias, devem convencer o público de que são, de fato, os “espíritos” da água.
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Atualmente, Bai Dongju e seu grupo mantêm viva a tradição ao interpretar clássicos como “Um Ninho ao Vento”, “Vento de Emergência” e “Tamborilando na Cabeça” e, ao mesmo tempo, inovam ao incorporar elementos modernos. Um dos destaques é a adaptação da famosa fábula chinesa “A Disputa entre a Garça e o Molusco, com o Pescador como Vencedor”. Essas novidades atraíram a atenção de públicos nacionais e internacionais, garantindo a sobrevivência e o encantamento contínuo dessa tradição milenar.