O mercado de cartões de crédito no Brasil está prestes a ganhar um novo e poderoso jogador internacional. A UnionPay, gigante chinesa dos meios de pagamento, acaba de anunciar sua entrada oficial no país, marcando mais um passo na ampliação das conexões financeiras entre China e América Latina.
Com presença consolidada em mais de 180 países e uma base de mais de 9 bilhões de cartões emitidos no mundo, a UnionPay é hoje uma das maiores bandeiras globais — superando inclusive a Visa em número de cartões em circulação. No Brasil, a empresa será representada pelo grupo Arpex (dono da bandeira Elo), que ficará responsável pela aceitação e posterior emissão de cartões com a bandeira chinesa no território nacional.
A expectativa é que a chegada da UnionPay fortaleça o ecossistema de pagamentos envolvendo turistas e empresários chineses no Brasil, além de abrir caminho para novos modelos de integração financeira entre os dois países.
Aposta no fluxo China–Brasil
A escolha pelo Brasil não é por acaso. O país é o principal parceiro comercial da China na América Latina, com trocas bilaterais que ultrapassaram os US$ 157 bilhões em 2024. Além disso, o turismo chinês começa a retomar ritmo após a pandemia, com previsões otimistas para os próximos anos.
“Existe uma lacuna importante no mercado para atender visitantes chineses e empresas com vínculos diretos com a China”, explica o economista Carlos Andrade, especialista em comércio internacional. “A presença da UnionPay no Brasil facilita transações e impulsiona tanto o turismo quanto o comércio.”
Atualmente, muitos estabelecimentos brasileiros já aceitam cartões UnionPay por meio de redes como Cielo e Rede, mas ainda de forma limitada. Com a parceria com a Arpex, a bandeira chinesa poderá acelerar a expansão da aceitação e, em breve, também oferecer cartões emitidos diretamente no Brasil — inclusive para brasileiros interessados em operar com moeda chinesa ou viajar à Ásia com mais facilidade.
Competição e inovação
A chegada da UnionPay também aumenta a concorrência em um mercado tradicionalmente dominado por Visa e Mastercard. “Isso pode trazer benefícios diretos ao consumidor, como taxas mais atrativas, maior cobertura internacional e novos serviços financeiros”, afirma Andrade.
Além disso, a presença da bandeira chinesa pode estimular a adoção de tecnologias avançadas, como pagamentos por QR Code, já populares na China e em expansão global.
Vale lembrar que a UnionPay tem parceria com sistemas de pagamentos digitais como Alipay e WeChat Pay, o que abre portas para integração futura com fintechs brasileiras — uma perspectiva que agrada varejistas e empresas de e-commerce.
Perspectivas futuras
Embora ainda em fase inicial de implementação, o movimento da UnionPay no Brasil reflete uma tendência mais ampla de diversificação do sistema financeiro global e da ampliação dos laços entre economias emergentes.
Para o público brasileiro, especialmente empresários que importam da China ou consumidores que viajam com frequência para a Ásia, a nova opção pode representar um ganho real de conveniência e economia.
Para os chineses no Brasil, incluindo estudantes, residentes e turistas, o cartão UnionPay promete ser uma ponte segura e familiar para movimentar seus recursos em território nacional.
Se bem conduzida, a chegada da UnionPay poderá contribuir para uma maior fluidez nas relações comerciais e culturais entre Brasil e China — um reflexo direto do mundo multipolar que se desenha.