Trump usa aumento de importação de aço chinês pelo Brasil como argumento para tarifas

Governo avalia que impacto para o Brasil será o fim da cota para exportação para os EUA, o que resultará na aplicação da tarifa de 25% a partir de março

(Foto: Reprodução/X @WhiteHouse)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (10) uma elevação das tarifas sobre as importações de aço e alumínio para 25%, além do cancelamento das cotas para grandes fornecedores, como o Brasil. Entre as justificativas para a medida, Trump destacou o aumento expressivo das compras de aço da China por diversos países, incluindo o Brasil, que foi um dos beneficiados com exceções às tarifas estabelecidas durante o primeiro mandato do republicano.

Segundo a Folha de S.Paulo, a ordem executiva assinada por Trump aponta que as importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, particularmente a China, cresceram de forma acentuada nos últimos anos, triplicando desde a adoção do acordo de cotas. A justificativa se baseia no argumento de que, à medida que a China, maior exportadora mundial de aço, amplia sua produção, outros países estão comprando mais aço chinês e enviando suas produções locais para o mercado estadunidense.

“O aumento das exportações de aço da China ultrapassou 114 milhões de toneladas métricas até novembro de 2024, o que tem deslocado a produção de outros países e forçado o envio de volumes maiores para os Estados Unidos”, diz um trecho da ordem executiva, que também classifica o impacto dessa tendência como um risco para a segurança nacional dos EUA, segundo a reportagem.

Embora o Brasil seja um dos maiores afetados pela taxação, outros países como México, Canadá e até a Argentina, governada por Javier Milei, também são citados nas críticas de Trump. No caso do México, Trump alegou que as importações crescentes de aço indicam uma tentativa de contornar as tarifas, através do aço chinês, para acessar o mercado dos EUA. Já a Argentina foi acusada de falta de transparência em seus dados comerciais, dificultando a avaliação do volume de aço importado de países com sobrecapacidade, como China e Rússia.

O impacto para o Brasil, segundo técnicos do governo Lula, é o fim da cota para exportação de aço para os EUA, o que resultará na aplicação imediata da tarifa de 25% a partir de março. Produtos semiacabados de aço, que representam uma parte significativa das exportações brasileiras para os Estados Unidos, são os mais afetados. Esses produtos intermediários, que incluem chapas, tubos e outros itens da siderurgia, precisam passar por processamento adicional antes de se tornarem produtos finais.

Especialistas apontam que, embora a medida tenha um grande impacto econômico, o Brasil ainda possui um conjunto limitado de alternativas jurídicas para contestar a imposição das tarifas. A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, sugeriu que os países afetados, como o Brasil, busquem o diálogo com Trump, já que ele “gosta de conversar”, como destacou em sua recente declaração.

Até o momento, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços não se manifestou sobre o tema. O Palácio do Planalto, por sua vez, deverá definir a resposta oficial do Brasil à nova política comercial de Trump. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já afirmou, em várias ocasiões, que o Brasil tomará medidas de reciprocidade caso o governo americano leve adiante a imposição das novas tarifas.

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