Taiwan: resultado eleitoral não muda política de ‘Uma só China’, diz governo chinês

Candidato que defende independência da ilha venceu as eleições e Pequim comenta que não muda nada sobre os planos de reunificação da China

(Foto: Fotomontagem/ Wikimedia Commons)

A vitória do candidato à presidência de Taiwan, Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP, da sigla em inglês), nas eleições realizadas neste sábado (13), não vai mudar os planos de Pequim para reunificação da China.

Logo após a divulgação do resultado das urnas, Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado do governo da China, disse que os resultados revelam que o DPP não pode representar a opinião pública dominante na ilha.

O partido de Lai, que defende a identidade separada de Taiwan e rejeita as reivindicações territoriais da China, obteve um terceiro mandato consecutivo de quatro anos, algo sem precedentes no atual sistema eleitoral de Taiwan.

Chen comentou que Taiwan é da China, e disse que as eleições não mudarão o cenário básico e a tendência de desenvolvimento das relações através do Estreito, não alterarão a aspiração partilhada dos compatriotas através do Estreito de Taiwan de forjar laços mais estreitos e não impedirão o inevitável tendência da reunificação da China.

“Nossa posição sobre a resolução da questão de Taiwan e a realização da reunificação nacional permanece consistente e nossa determinação é firme como uma rocha. Aderiremos ao Consenso de 1992 que incorpora o princípio de Uma Só China e nos oporemos firmemente às atividades separatistas que visam a ‘independência de Taiwan’, bem como à interferência estrangeira”, disse Chen.

O porta-voz declarou ainda que a parte continental trabalhará com partidos políticos, grupos e pessoas relevantes de vários setores em Taiwan para impulsionar os intercâmbios e a cooperação, melhorar o desenvolvimento integrado, promover conjuntamente a cultura chinesa e promover o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito, além de atuar pela causa da reunificação nacional.

EUA não apoiam independência de Taiwan

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse neste sábado (13) que os EUA não apoiam a independência de Taiwan, depois que os taiwaneses reelegeram o partido governista, contrário à unificação com a China.

“Não apoiamos a independência”, disse Biden, quando perguntado sobre a reação às eleições deste sábado, segundo a Reuters, agência internacional de notícias.

Derrota no Congresso

Lai obteve 40% dos votos no sistema de primeira ordem de Taiwan, ao contrário da atual presidenta Tsai Ing-wen, que foi reeleita por uma vitória esmagadora há quatro anos, com mais de 50% dos votos.

Essa redução de votos é considerada uma resposta a questões internas, como o elevado custo da habitação e a estagnação dos salários após oito anos no poder. O DPP perdeu a maioria no parlamento, o que vai dificultar o trabalho de Lai na aprovação de legislação.

Ainda assim, Lai elogiou sua vitória.

“Escrevemos uma nova página na história da democracia de Taiwan”, disse Lai, há muito o favorito nas pesquisas, aos repórteres depois que seus dois oponentes admitiram a derrota.

Lai disse que manteria o status quo nas relações através do Estreito de Taiwan, mas que estava “determinado a salvaguardar Taiwan das ameaças e intimidações da China”.

Ao mesmo tempo, enfatizou a necessidade de cooperação e diálogo com Pequim numa base de igualdade para “substituir o confronto”, embora não tenha dado detalhes.

Quem é Lai Ching-te

O político e médico Lai Ching-te, também conhecido como William Lai, vencedor das eleições presidenciais de Taiwan, desde 2020, ele ocupa o cargo de vice-presidente da ilha.

Membro do DPP, Lai é conhecido por sua postura mais firme em relação à independência de Taiwan.

Ele tem um mestrado em saúde pública pela Universidade de Harvard e iniciou sua trajetória política em 1994. Na época, ele era chefe dos residentes no Hospital Universitário Nacional Cheng Kung, situado em Tainan. Foi nesse período que ele liderou uma associação de médicos que apoiava um candidato do DPP na eleição para o governo provincial de Taiwan.

Em 1996, Lai Ching-te decidiu deixar a medicina para se dedicar integralmente à política. Dois anos depois, em 1998, foi eleito como representante de Tainan no Yuan Legislativo, que é o equivalente ao parlamento de Taiwan. Ele manteve esse cargo por quatro mandatos seguidos, de 1999 a 2010.

Durante seus mandatos, Lai adquiriu valiosa experiência diplomática, liderando delegações parlamentares em visitas ao Japão e aos Estados Unidos.

No ano de 2010, Lai fez história ao ser eleito o primeiro prefeito do Município Especial de Tainan, uma nova entidade criada a partir da fusão do condado de Tainan com a cidade de Tainan.

Lai ocupou o cargo de primeiro-ministro de Taiwan de 2017 a 2019. Em seguida, aceitou a candidatura a vice-presidente da ilha na chapa de Tsai Ing-wen pelo Partido Democrático Progressista (PDP), assumindo o posto em maio de 2020.

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