A Prevent Senior, que já é alvo de investigações no Ministério Público, na Polícia Civil e na CPI da Covid, é acusada de supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do “kit covid”, como hidroxicloroquina, contraindicada para a covid-19. Ela também é suspeita de ter conduzido um estudo sobre a eficácia da hidroxicloroquina sem avisar pacientes nem seus parentes. Tal estudo teria omitido mortes de pacientes, influenciando o resultado para dar a impressão de que o medicamento seria eficaz.
“O fato é que nós entendemos que o Ministério Público, seja federal ou estadual, nós somos instituições de defesa da sociedade, do direito à saúde, do direito à vida e não podemos assistir aqui sentados e de braços cruzados uma série de notícias, até certo ponto estarrecedoras, a respeito de profissionais que trabalhavam nessa empresa”, afirmou.
O chefe do Ministério Público do Estado de São Paulo criou uma espécie de força-tarefa —composta pelos promotores Everton Zanella, Fernando Pereira, Nelson dos Santos Pereira Júnior e Neudival Mascarenhas Filho— para investigar as denúncias contra a Prevent Senior.
“Temos aí promotores até do Tribunal de Júri que, ao se prescrever tal kit ou tratamento precoce, que reconhecidamente, é visto como ineficaz, podemos estar lidando com crimes contra a vida, até homicídio e é difícil se anunciar isso, mas pode haver até dolo eventual dos profissionais que atuaram dessa forma. Do que ouvimos dos jornais, pode ter falsidade ideológica, lesões corporais, inúmeras outras que podem estar sendo cometidas, como deixar de notificar o Ministério da Saúde uma doença cuja notificação é compulsória, temos que ter acesso a toda essa documentação e, a partir daí, investigar quais são as infrações”, avaliou.
Diante das acusações, a empresa vem argumentando que não havia orientação direta para uso da hidroxicloroquina ou cloroquina porque os médicos são livres para prescrever o medicamento que julgarem mais adequado para cada paciente.
A empresa também nega que tenha adulterado qualquer estudo clínico. Há suspeita de que pacientes que morreram em decorrência da covid tiveram seus atestados de óbito emitidos sem referência à doença causada pelo coronavírus, como a mãe do empresário Luciano Hang, apoiador do presidente Bolsonaro.