Um relatório divulgado nesta quarta-feira (16) durante o Fórum de Mídia e Think Tank do BRICS, no Rio de Janeiro, reforçou o papel estratégico do bloco como força motriz para a reforma da governança mundial e para o desenvolvimento conjunto dos países do Sul Global. O estudo foi elaborado pelo Instituto Xinhua, centro de estudos vinculado à Agência de Notícias Xinhua da China.
Intitulado “Cooperação do BRICS: Impulsionando o Progresso Conjunto do Sul Global”, o documento analisa a trajetória do grupo, atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países recentemente incorporados, como Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Segundo o relatório, o BRICS oferece um modelo de colaboração baseado em respeito mútuo, soberania igualitária e inclusão, superando diferenças geopolíticas e ideológicas. O texto enfatiza que a expansão do bloco ampliou seu alcance e capacidade de definir agendas internacionais, em especial na reforma da governança global, no comércio e no desenvolvimento sustentável.
“O BRICS+, ao integrar novas economias emergentes e fortalecer redes de cooperação, amplia a voz do Sul Global nos assuntos internacionais, promovendo uma ordem global mais justa e equitativa”, destacou o documento. Entre os pontos de maior destaque estão:
- Expansão da cooperação em economia digital, infraestrutura e energia;
- Fortalecimento da resiliência econômica entre os países-membros;
- Potencial ampliado para definir regras e pautas na governança global.
O relatório cita ainda que o Brasil, em particular, tem se beneficiado dessa estrutura ampliada, posicionando-se como interlocutor chave entre América do Sul, África e Ásia. Com as recentes tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, as relações dentro do BRICS ganham relevância prática: “Oferecem uma alternativa de integração econômica e tecnológica, sem dependência de blocos tradicionais”, avalia o economista chinês Liu Qi, ouvido pela Agência Brasil China.
Participação internacional e próximos passos
O fórum no Rio de Janeiro reuniu mais de 250 representantes de cerca de 150 veículos de imprensa, think tanks, órgãos governamentais, empresas e organizações regionais de 36 países, incluindo membros e parceiros do BRICS. A organização do evento ficou a cargo da Agência de Notícias Xinhua, da China, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Segundo os organizadores, a escolha do Rio como sede para apresentar o relatório foi estratégica, em meio à presidência brasileira rotativa do BRICS em 2025 e aos recentes desdobramentos globais que têm afetado países emergentes.
“O Brasil hoje se posiciona no centro de um diálogo que combina comércio, tecnologia, segurança energética e diversidade cultural. É um momento-chave para o país liderar conversas globais a partir de uma perspectiva do Sul Global”, afirmou em nota oficial Chen Wei, vice-presidente da Xinhua.
Para especialistas, o relatório deverá servir de base para debates na próxima cúpula do BRICS, marcada para o segundo semestre. Também pode orientar estratégias bilaterais entre o Brasil e a China, principal parceiro comercial brasileiro, em temas como integração de cadeias produtivas, desenvolvimento de infraestrutura e intercâmbio tecnológico.
A Agência Brasil China seguirá acompanhando os desdobramentos desse relatório e dos próximos passos da presidência brasileira no BRICS, com cobertura especial em português e chinês para seus leitores no Brasil e no exterior.