Presidente do Comitê Paralímpico: ” 14 anos depois, acredito que a China irá uma vez mais ter impacto mundial “

O final dos Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing assinalam o advento da Paralimpíada na capital chinesa.

Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online na qual expressou os seus votos de sucesso para o evento prestes a ter lugar: “Em 2008, a China elevou a organização dos Jogos Paralímpicos de Verão a um novo patamar. Hoje, 14 anos depois, acredito que a China irá uma vez mais ter impacto mundial”.

Os 13º Jogos Paralímpicos de Inverno serão realizados em Beijing e Zhangjiakou, de 4 a 13 de março de 2022. As duas cidades vão receber atletas de todo o mundo. “A China tem agora uma segunda oportunidade em quatorze anos. Isso é simplesmente incrível. É um país com 83 milhões de pessoas com deficiência. Espero que estes Jogos Paralímpicos de Inverno se tornem nos mais populares em todo o mundo também”, disse Parsons.

Infraestruturas para deficientes deixarão legado

“Temos conhecimento de alguns números, com milhares de instalações acessíveis criadas: mais de trezentos elevadores recém-construídos e reconstruídos, mais de trezentos permanentes e mais de cento e trinta banheiros acessíveis temporários, cabines sanitárias, quartos de hóspedes. Acreditamos que não apenas beneficiarão os Jogos, mas serão também um legado em toda a cidade”, afirmou.

Na opinião de Parsons, a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno de Beijing deixará um antecedente de peso para os Jogos Paralímpicos de Milão-Cortina d’Ampezzo de 2026: “Sabemos que Beijing elevará a fasquia muito alto para Milano-Cortina e para os anfitriões em 2030. Também terá um impacto no número de pessoas consumindo os Jogos Paralímpicos de Inverno via transmissão audiovisual, por exemplo. Este é o nosso objetivo e não poderíamos ter um parceiro melhor para isso do que a China, do que Beijing”, prosseguiu.

Jogos Olímpicos sustentáveis, rumo à meta da “neutralidade de carbono”

Parsons acredita que os esforços de Beijing para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável estão à vista de todos.

“Eu tenho visitado Beijing desde 2005. Ao longo desses 17 anos a qualidade do ar melhorou, o desenvolvimento da economia em Beijing e Zhangjiakou foi impulsionado e o turismo também cresceu significativamente. As medidas de redução de carbono ao longo dos Jogos, visando uns Jogos neutros em carbono, são medidas que só posso aplaudir”.

O entrevistado veio pela primeira vez à China em 2005 e participou nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2008, integrando a delegação brasileira.

“Estamos comprometidos em alcançar uma meta de desenvolvimento sustentável. Queremos minimizar nossa pegada quando organizamos e quando apresentamos nossos eventos. Ver um país tão importante no mundo como a China sendo muito, digamos, avançado nessa área, acho que ajuda a estabelecer um ótimo precedente para futuros comitês organizadores e futuros governos”, referiu.

Andrew Parsons destacou que, apesar das contrariedades atuais, os Jogos Paralímpicos não são meramente um “desafio”, mas também uma “oportunidade” de favorecer o crescimento econômico do país, especialmente o desenvolvimento do turismo.

“Cidade Duplamente Olímpica”

Ao nível do impacto econômico, perspectiva de direitos humanos, etc, a China enviou um sinal positivo ao mundo em prol do desenvolvimento dos ‘esportes de inverno’. “Tenho uma profunda admiração, porque sei como é difícil organizar Jogos durante o período de pandemia e ao mesmo tempo proteger a população. E acho que a China está fazendo isso de forma brilhante”, mencionou, apontando as lições que Beijing retirou das Olimpíadas de Tóquio.

Andrew Parsons citou três “grandes expectativas” para estes Jogos Paralímpicos.

A primeira é o desempenho dos atletas. “Estou realmente ansioso para ver os atletas competindo nos seis esportes em diferentes locais. É simplesmente incrível estar com os atletas paralímpicos nos Jogos e testemunhar o que eles são capazes de fazer no terreno de jogo”.

A segunda, o povo chinês. “Será incrível estar na China novamente e conviver, com distanciamento social, com os voluntários, com a equipe do comitê, com as pessoas que estão trabalhando tanto para organizar estes Jogos”.

Por fim, o desenvolvimento dos esportes para pessoas com deficiência na China. “Estou realmente ansioso para ver novamente a delegação chinesa, após a medalha de ouro em Pyeongchang, para ver o progresso nos últimos quatro anos e como isso irá inspirar as futuras gerações de crianças e jovens ingressar nos esportes de inverno”.

Parsons enfatizou que os Jogos Paralímpicos são o único evento global que coloca as pessoas com deficiência no centro das atenções. A realização deste evento conforme programado, destacará ainda mais a inclusão e a unidade do mundo. Os Jogos Paralímpicos de Inverno de Beijing influenciarão “uma nova geração, quatorze anos depois, em que novos jovens, novos adolescentes, novas crianças, assistirão aos Jogos Paralímpicos de Inverno e crescerão com uma conceção diferente das pessoas com deficiência”, concluiu. 

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