OTAN ameaça sancionar Brasil por negociações com a Rússia e inclui China e Índia no radar

Tensões econômicas globais se intensificam enquanto bloco militar ocidental endurece discurso e mira parcerias Sul-Sul

(Foto: Reprodução / Mark Rutte / X)

O Brasil passou a ser formalmente citado como possível alvo de sanções por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) devido à manutenção de suas relações comerciais e tecnológicas com a Rússia em meio à guerra na Ucrânia. A informação foi confirmada por Jens Stoltenberg, secretário-geral da aliança militar ocidental, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (15), em Washington.

Segundo Stoltenberg, além da Rússia e de Belarus, países como Brasil, China e Índia podem ser afetados pelas medidas. Ele afirmou que o bloco considera expandir as sanções já impostas por Donald Trump contra Moscou, incluindo tarifas de até 50% para produtos desses três grandes mercados emergentes.

“Nós não estamos dizendo que o Brasil ou outros países já violaram normas internacionais. Mas alertamos claramente: manter relações comerciais, principalmente no setor de defesa, com a Rússia, em meio a uma guerra de agressão, terá consequências”, declarou Stoltenberg.

A fala ocorre poucos dias após Trump anunciar oficialmente a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, numa escalada que combina motivações econômicas e geopolíticas. De acordo com fontes da Agência Brasil China em Bruxelas e Pequim, diplomatas europeus já vêm discutindo nos bastidores medidas coordenadas entre OTAN, União Europeia e Estados Unidos para pressionar o Brasil a reorientar sua política externa.

China e Índia na mesma equação

O secretário-geral da OTAN também mencionou China e Índia diretamente, sinalizando que os três grandes parceiros do BRICS estão no centro de uma disputa estratégica mais ampla. “É impossível ignorar que a China continua fornecendo tecnologias críticas à Rússia, que a Índia mantém linhas de crédito e fornecimento de petróleo, e que o Brasil negocia fertilizantes e equipamentos industriais”, afirmou Stoltenberg.

Para analistas ouvidos pela Agência Brasil China, o discurso da OTAN reflete uma tentativa de isolar não apenas Moscou, mas todo o eixo Sul-Sul que vem se fortalecendo nos últimos anos por meio do BRICS+ e de novas alianças comerciais e financeiras.

O embaixador aposentado Rubens Ricupero, especialista em relações internacionais, avalia que a pressão da OTAN e de Washington tende a reforçar os laços entre Brasil, China e Índia: “A tentativa de divisão entre os países do Sul Global não deve surtir efeito. Pelo contrário, tende a consolidar um movimento de busca por autonomia frente à ordem ocidental.”

O que está em jogo para o Brasil?

O governo brasileiro, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre as declarações da OTAN. No entanto, interlocutores do Itamaraty ouvidos pela Agência Brasil China sob reserva afirmam que o cenário é visto com preocupação em Brasília, especialmente por envolver não apenas os Estados Unidos, mas também aliados europeus, com os quais o Brasil mantém relações comerciais importantes.

Na prática, possíveis sanções da OTAN poderiam impactar setores como defesa, tecnologia da informação, agroindústria e até mesmo aviação civil. Ainda assim, fontes diplomáticas apontam que o Brasil pretende manter sua postura de equilíbrio, evitando alinhamento automático com qualquer bloco e preservando sua política de não intervenção e autonomia estratégica.

Relações com a China ganham ainda mais peso

Em meio às tensões, a China desponta como parceiro central para o Brasil. De acordo com dados recentes, o comércio bilateral ultrapassou US$ 150 bilhões em 2024, com perspectivas de crescimento em áreas como energia, infraestrutura e tecnologia espacial.

Além disso, com os Estados Unidos e a OTAN endurecendo sua postura, Pequim tem reforçado gestos de apoio público ao Brasil, como se viu após o anúncio do tarifaço de Trump. O Ministério das Relações Exteriores da China já declarou que considera o Brasil um parceiro estratégico e que manterá cooperação ampliada mesmo diante de pressões externas.

Multipolaridade no centro do debate

A leitura de especialistas é que o momento atual confirma a transição para um cenário global mais multipolar, no qual alianças tradicionais, como a OTAN, tentam preservar sua influência frente ao crescimento de polos alternativos como BRICS+.

A equipe da Agência Brasil China seguirá acompanhando de perto os desdobramentos, trazendo atualizações em tempo real sobre as movimentações diplomáticas e os impactos para o Brasil, sempre com foco no equilíbrio entre soberania nacional e integração internacional.

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