A Dongfeng, uma das grandes montadoras chinesas, se prepara para lançar em setembro de 2026 seu primeiro carro elétrico equipado com baterias de estado sólido, marcando uma das mudanças tecnológicas mais relevantes já anunciadas pela marca. A tecnologia abandona o eletrólito líquido usado nas baterias atuais e promete ganhos em segurança, densidade de energia e velocidade de recarga, com autonomia declarada de até 1.000 km no ciclo chinês CLTC.
As baterias de estado sólido vêm sendo desenvolvidas há mais de uma década e 2026 está se consolidando como o ano da sua chegada comercial em escala. Enquanto algumas montadoras já colocaram no mercado veículos com baterias semissólidas, o formato totalmente sólido ainda está em fase de maturação. No caso da Dongfeng, a nova bateria atinge densidade energética de 350 Wh/kg, valor ligeiramente abaixo dos 375 Wh/kg anunciados por concorrentes, mas ainda assim superior às soluções de íons de lítio mais comuns hoje. O pacote combina cátodo ternário de alta capacidade, ânodo de silício-carbono e eletrólito sólido à base de óxidos e polímeros.
Com essa configuração, os futuros elétricos da montadora poderão alcançar cerca de 1.000 km de alcance no padrão CLTC, o que, em ciclos mais exigentes como o EPA, ainda significaria algo acima de 640 km, com expectativa de rodar entre 700 e 800 km em uso real. A bateria também foi submetida a testes em condições extremas e manteve mais de 72% da capacidade a –30 °C, operando normalmente em temperaturas de até 130 °C, algo importante para mercados que enfrentam frio intenso ou calor severo.
Outro ponto de destaque é a infraestrutura pensada para recarga. A Dongfeng afirma estar desenvolvendo uma arquitetura elétrica de 1.200 volts capaz de suportar até 2 megawatts de potência, usando um módulo de carbeto de silício de 1.700 V criado pela própria empresa. Em números, isso significaria recuperar cerca de 2,5 km de autonomia por segundo na tomada, o equivalente a aproximadamente 450 km em apenas cinco minutos de recarga — patamar que, se confirmado na prática, reposiciona o debate sobre “ansiedade de autonomia” nos carros elétricos.
A própria montadora, no entanto, admite que é preciso cautela. Como acontece com praticamente todo avanço em baterias de estado sólido, cronogramas já foram revisados no passado devido à complexidade técnica envolvida. Ainda assim, a China hoje lidera o desenvolvimento de novas químicas e processos industriais nesse campo, o que aumenta as chances de a Dongfeng estar entre as primeiras empresas a colocar no mercado veículos de produção em série com baterias totalmente sólidas — e a redefinir o padrão de alcance e recarga no segmento elétrico.













