Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nexus mostrou que 50% dos brasileiros consideram os Estados Unidos mais autoritários em suas relações internacionais do que a China (38%). O estudo, conduzido entre 15 e 19 de agosto com 2.005 entrevistados em todo o país, indica uma mudança relevante na forma como a opinião pública brasileira enxerga os dois principais atores globais.
Apesar disso, os EUA ainda são amplamente reconhecidos como mais democráticos: 60% dos entrevistados apontaram o regime americano como mais democrático do que o chinês, enquanto apenas 25% manifestaram opinião contrária. Para os pesquisadores, o resultado sugere que a imagem de democracia não impede que os Estados Unidos também sejam percebidos como um país de postura autoritária em certos contextos.
Quando questionados sobre a influência internacional, os brasileiros atribuíram aos EUA uma clara vantagem: 70% acreditam que Washington exerce maior impacto global do que Pequim (20%). Já no tema meio ambiente, houve empate técnico: 42% dos entrevistados apontaram os EUA e 42% a China como mais nocivos ao planeta.
Os dados refletem o impacto das recentes tensões comerciais entre Brasil e EUA, assim como o crescente espaço da China como parceiro estratégico do país. Para analistas, a percepção de autoritarismo americano pode abrir margem para que a China fortaleça sua imagem de parceiro de cooperação, sobretudo no Sul Global.
A avaliação equilibrada em temas ambientais também indica que a agenda chinesa em energias renováveis e sustentabilidade pode se tornar um diferencial positivo na sua presença internacional. Em meio à disputa de narrativas entre Washington e Pequim, o Brasil desponta como termômetro das mudanças na opinião pública latino-americana sobre o papel da China no mundo.
