Jiu-jitsu brasileiro cresce e ganha popularidade na China

Crianças têm aula de jiu-jitsu brasileiro em Taiyuan, Província de Shanxi, norte da China, em 23 de março de 2023. (Foto: Xinhua/Chen Zhihao)

Na Shangrou, uma academia de jiu-jitsu brasileiro (BJJ, na sigla em inglês), uma dúzia de jovens está praticando habilidades recém-ensinadas pelo professor, enquanto os sons de luta livre e aplausos reverberam na sala, localizada em Taiyuan, Província de Shanxi, norte da China.

Criado pela família Gracie, inspirada no jiu-jitsu e no judô japonês tradicional, o BJJ atrai muitos chineses por sua técnica pragmática e flexível no combate.

Fan Huizhi, proprietário da academia Shangrou, pratica artes marciais tradicionais chinesas desde a infância e começou no BJJ em Beijing em 2014. “Fiquei fascinado desde meu primeiro contato”, disse.

Após oito anos de treinamento, Fan se tornou em junho de 2022 o 50º faixa-preta na China.

Quando sua academia abriu, essa arte marcial era pouco conhecida para os chineses em Shanxi, mas, com a promoção incansável de Fan e seus amigos, cada vez mais pessoas começaram a praticá-la.

“Conheci o BJJ na internet, achei interessante e por isso comecei a praticar com meu professor”, disse Zhao Shiping, um dos alunos de Fan, acrescentando que o BJJ não só melhora a força do corpo, mas também dá mais energia.

Agora, há mais de 300 alunos que praticam o BJJ na academia de Fan. Entre eles, o mais jovem tem apenas quatro anos, e o mais velho, 55. Nos últimos anos, mais duas academias de BJJ foram abertas em Taiyuan, e uma associação local se estabeleceu para fornecer uma plataforma para os praticantes compartilharem suas experiências.

Além de Província de Shanxi, o BJJ ganhou popularidade em todo o país. Associações foram estabelecidas em cidades como Shenzhen e Dalian, com academias cobrindo quase todas as principais cidades chinesas.

Buscando por “jiu-jitsu brasileiro” no aplicativo Dianping, versão chinesa do Yelp, é fácil descobrir que existem mais de 120 academias ou lojas em Beijing oferecendo aulas e serviços de BJJ tanto para adultos quanto para adolescentes e crianças.

O professor Luiz Fernando (direita) dá aula de jiu-jitsu brasileiro em uma academia de Beijing em 3 de março de 2023. (Foto: Xinhua/Liu Jie)

O faixa-preta brasileiro Luiz Fernando veio para a China em 2016 e agora trabalha como professor de BJJ em Beijing. Entre seus alunos, alguns treinam para se divertir ou se manter saudáveis e atléticos, e outros só querem aliviar o estresse do trabalho; também há alunos com o sonho de abrir sua própria academia.

“Tenho praticado o BJJ há cerca de três anos. Neste tempo de treinamento, minha condição física e meu estado mental melhoraram”, disse a professora de caligrafia Wang Suyuan, acrescentando que o BJJ também influenciou seu estilo criativo. Além disso, é benéfico para a autodefesa das mulheres, permitindo resistir com menor força, explicou ela.

“Já reparei que os praticantes chineses de BJJ estão fazendo um grande progresso e que o BJJ na China é muito melhor do que antes. E a nova geração também é incrível. Tenho certeza de que dentro de 5 ou 7 anos teremos um campeão mundial feito na China”, disse Luiz.

Além dos adultos, na academia muitas crianças podem ser vistas praticando esse esporte. Zongyi, professor que dá aulas para crianças em Beijing, explicou que o BJJ é atualmente ensinado a elas para desenvolver seu interesse e melhorar o condicionamento físico. Além disso, é relativamente seguro, mas também serve para ensinar a autoproteção.

O BJJ ajuda a ensinar às crianças como dominar nas situações positivas, como vencer nas adversidades e como transformar a derrota em vitória, o que é um bom exercício para seu crescimento, segundo Zong.

O crescimento e desenvolvimento do BJJ na China contribuem para a promoção dos intercâmbios culturais entre a China e o Brasil.

De acordo com Guo Cunhai, diretor do departamento de estudos socioculturais do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, os intercâmbios culturais possibilitam que a amizade entre os dois países seja mais resiliente e contribuem para o desenvolvimento sustentável das relações bilaterais. “A convicção mútua na cultura entre os dois países permite que o navio da comunidade China-Brasil, com um futuro compartilhado, navegue de forma constante e distante.”