Desde que a China ampliou a isenção de vistos para brasileiros até o fim de 2026, o número de visitantes do Brasil ao país asiático apresentou salto visível. Agências de turismo especializadas relatam um crescimento expressivo na procura, indicando que a mudança facilita a decisão de viagem e abre novas oportunidades para o intercâmbio cultural e turístico entre Brasil e China.
A remoção das barreiras burocráticas diminuiu o custo psicológico — e financeiro — de planejar a viagem. Entre os destinos mais procurados estão grandes centros urbanos como Pequim e Xangai, além de polos culturais menos conhecidos por brasileiros, como a província de Sichuan e a região de Guilin com seus cenários de rio e calcário. A adaptação também já se faz notar: roteiros estão ganhando versões em português, guias brasileiros estão sendo contratados e pacotes incluem experiências autênticas, como aulas de culinária ou visitas a comunidades de etnia minoritária.
As companhias aéreas e operadoras de viagem observam que esse movimento não é apenas sazonal. Alta temporada, como o Ano-Novo Chinês ou a Festa das Lanternas, registra aumento, mas os programas de meio do ano também ganham força. Parte da aceleração vem da própria economia brasileira: com real valorizado frente ao dólar e pacotes relativamente acessíveis, as viagens longas ficaram mais viáveis. Para muitos, a China deixou de ser um “destino exótico distante” e passou a ser opção tangível dentro de um roteiro internacional.
Do lado chinês, o impacto também promete ser relevante. Destinos turísticos, hotéis e serviços voltados ao mercado estrangeiro começam a ajustar-se para o público brasileiro — legendas em português, menus adaptados, formas de pagamento mais acessíveis. Há expectativa de criação de pacotes de “Brasil para China” com foco em natureza, cultura tradicional e inovação urbana. Para o Brasil, o aumento do turismo é uma via de mão dupla: expande a presença cultural e pode favorecer setores como câmbio, aviação e exportação de serviços que acompanham o viajante.
Nada de grandes obstáculos: apesar da distância, vários roteiros oferecem agora escala em Abu Dhabi ou Doha, o que reduz o tempo de voo e torna o deslocamento mais confortável. E para os viajantes que buscam imersão, a combinação de templos milenares, arranha-céus futuristas e paisagens de montanhas cársticas apresenta uma China além dos clichês.
Claro que algumas lacunas ainda existem — barateamento das passagens aéreas, suporte bancário mais fluido fora dos grandes centros, e pacotes mais acessíveis para famílias menores. Mas o tom do mercado hoje é de otimismo. A isenção de visto não apenas abre portas, mas converte o sonho chinês em meta de viagem de um número crescente de brasileiros.













