O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, declarou nesta quinta-feira (13) que o país responderá com força caso suas instalações nucleares sejam alvos de ataques externos. A declaração foi uma reação a uma reportagem do jornal The Washington Post, que afirmou que a Inteligência dos Estados Unidos acredita que Israel pode realizar um ataque preventivo ao programa nuclear iraniano ainda neste ano.
“Se atacarem uma centena, construiremos outras mil”, afirmou Pezeshkian à mídia estatal iraniana. A frase reforça a postura de resistência de Teerã diante das especulações sobre um possível ataque.
Escalada de tensões no Oriente Médio
As relações entre Irã e Israel estão cada vez mais tensas, especialmente após os confrontos diretos registrados no ano passado. Em outubro, os dois países trocaram ataques em meio ao conflito no território palestino e na fronteira com o Líbano, quando o Irã lançou mísseis em apoio a aliados como o Hamas e o Hezbollah, enquanto Israel intensificava sua ofensiva em Gaza.
O cenário atual ganhou novos contornos com a possibilidade de um ataque preventivo israelense, que, segundo a Inteligência americana, pode ocorrer até o meio do ano. O governo israelense, que historicamente se opõe ao programa nuclear iraniano, teme que o país alcance capacidade suficiente para desenvolver uma arma nuclear.
Reação militar iraniana
Além das palavras do presidente, o comandante da Força Aérea do Irã, Hamid Vahedi, também se pronunciou sobre a ameaça. “Nossa doutrina é defensiva, mas responderemos com força a qualquer agressão inimiga”, declarou Vahedi. A mensagem é clara: o Irã não pretende iniciar um conflito, mas reagirá com intensidade caso suas instalações sejam atacadas.
O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, voltados para a geração de energia e pesquisa científica. No entanto, países como Israel e Estados Unidos desconfiam das intenções iranianas, principalmente após o colapso do acordo nuclear internacional, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), em 2018.
Posição dos Estados Unidos
O ex-presidente americano Donald Trump voltou ao centro do debate ao sugerir, em entrevista recente à Fox News, que Israel poderia agir contra o Irã caso o país persistisse em avançar com seu programa nuclear. Trump defendeu, no entanto, a busca por um acordo com Teerã para impedir o desenvolvimento de uma bomba nuclear.
A postura de Trump contrasta com sua própria política de “pressão máxima” durante seu governo, quando reimpôs sanções econômicas severas ao Irã após retirar os EUA do acordo nuclear firmado em 2015.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores do Irã classificou as declarações de Trump como um “erro estratégico”, alertando que um ataque ao país “levaria a uma guerra total”.
A posição do líder supremo
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, mantém uma postura intransigente contra qualquer diálogo com os Estados Unidos. Em pronunciamento recente, ele orientou o governo a não negociar com Washington, descrevendo possíveis conversas como “imprudentes” e sem perspectivas de sucesso.
Na terça-feira (11), durante uma reunião da ONU, o representante iraniano voltou a classificar as declarações de Trump como “provocações inflamadas” e alertou: “Qualquer ato de agressão terá consequências severas”.
O futuro da crise
A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos dessa crise. A Conferência de Segurança de Munique, que acontece nesta semana, deve discutir as tensões no Oriente Médio, além de questões ligadas à segurança global.
Enquanto isso, o Irã reforça sua postura de resistência e promete não recuar diante de ameaças externas. A incógnita permanece: até que ponto a retórica de ataque e defesa se manterá apenas no discurso?