O Ibovespa encerrou esta segunda-feira (13) em alta de 0,78%, aos 141.783 pontos, impulsionado pelo clima mais ameno nos mercados globais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recuar nas ameaças de novas tarifas contra a China. O movimento refletiu uma onda de otimismo internacional e devolveu parte das perdas acumuladas na última semana, em meio às tensões da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O dólar comercial também acompanhou o tom mais positivo e recuou 0,75%, sendo negociado a R$ 5,46, após o Banco Central realizar dois leilões de linha para rolagem. Os juros futuros (DIs) encerraram o dia mistos, refletindo um ambiente de maior apetite por risco, mas ainda sob cautela com o cenário fiscal doméstico e a política monetária norte-americana.
Recuo de Trump traz fôlego aos mercados
O alívio veio das declarações de Trump nas redes sociais, nas quais o presidente afirmou que “os Estados Unidos querem ajudar a China, não prejudicá-la”, e que confia na liderança do presidente Xi Jinping. O gesto foi interpretado pelos investidores como um recuo na escalada da guerra comercial, reduzindo a aversão ao risco e abrindo espaço para a recuperação das bolsas.
O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, confirmou que a tarifa de 100% sobre bens chineses “não precisa ser implementada”, e que as linhas de diálogo entre Washington e Pequim foram retomadas. Com isso, os principais índices de Nova York — Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 — fecharam em alta, cenário replicado nas bolsas europeias.
Ainda assim, analistas alertam que a volatilidade pode continuar. O JPMorgan projetou que a recente alta nas incertezas deve levar fundos de volatilidade controlada a reduzir posições em ações, o que pode gerar até US$ 30 bilhões em vendas adicionais nos próximos dias.
Commodities e bancos sustentam o Ibovespa
No Brasil, ações ligadas a commodities ajudaram a impulsionar o índice. A Vale (VALE3) subiu 1,49%, acompanhando o avanço do minério de ferro no mercado asiático. Já a Petrobras (PETR4) ganhou 0,97%, impulsionada pela recuperação do preço do petróleo, após sinais de estabilidade no Oriente Médio com o cessar-fogo em Gaza.
O setor financeiro também foi destaque positivo: Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,31%, Bradesco (BBDC4) subiu 0,42%, Itaú Unibanco (ITUB4) teve alta de 0,40% e Santander (SANB11) encerrou com ganho de 0,14%.
Entre as perdas, o varejo voltou a mostrar fraqueza. Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,38% e Assaí (ASAI3) recuou 2,07%, refletindo preocupações com o consumo e margens. Já Sabesp (SBSP3) avançou 1,08%, após divergências entre bancos sobre o potencial da estatal no pós-privatização, enquanto BB Seguridade (BBSE3) caiu 0,46% após divulgação de dados de agosto.
Olhos voltados ao Fed e à inflação na Europa
Os investidores agora aguardam a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta terça-feira (14), em evento na Filadélfia, em busca de novas pistas sobre os rumos dos juros nos Estados Unidos. Também será divulgado o índice de preços ao consumidor na Alemanha, que pode influenciar as expectativas para a política monetária do Banco Central Europeu.
Mesmo com o clima de trégua, o mercado segue cauteloso. Como resumiu o estrategista Matthew Ryan, da Ebury, “o mercado já viu esse filme antes — o latido de Trump costuma ser pior do que a mordida”.
A dúvida que fica, segundo analistas, é para onde irão os próximos rugidos do presidente americano — e como eles continuarão a influenciar o humor dos investidores globais.













