Governo brasileiro busca acordo com os EUA para evitar tarifaço antes de agosto, afirma Alckmin

Vice-presidente reforça que Brasil mantém diálogo aberto com Washington e destaca alternativa de fortalecer comércio com China e outros mercados

(Foto: Reprodução / Júlio César Silva / MDIC)

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (16) que o governo federal está empenhado em resolver a questão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil antes do prazo estabelecido para início da cobrança, previsto para 1º de agosto. A declaração foi feita durante entrevista à imprensa em Brasília, após reunião com representantes do setor privado e da equipe econômica.

“Estamos trabalhando firmemente para que esse assunto seja resolvido antes de agosto. O Itamaraty está em contato permanente com as autoridades norte-americanas e acreditamos na possibilidade de diálogo e entendimento”, destacou Alckmin. Ele ressaltou que o objetivo é buscar uma solução negociada que preserve os interesses comerciais do Brasil, especialmente em setores-chave como petróleo, aço, aviação, carnes e grãos.

Tarifas de 50% e impacto nas exportações brasileiras

As tarifas foram anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como parte de uma política mais agressiva contra países que, segundo ele, “desvalorizam o dólar” e “prejudicam a indústria americana”. A medida prevê sobretaxação de 50% sobre produtos brasileiros e foi acompanhada da abertura de uma investigação comercial contra o Brasil por supostas práticas desleais de mercado.

O governo brasileiro avalia que as tarifas têm motivação política e já buscou apoio de aliados estratégicos, incluindo a China. Pequim se manifestou oficialmente em solidariedade ao Brasil, criticando a política de intimidação econômica dos EUA e defendendo uma ordem comercial multipolar.

China e diversificação de mercados

Questionado sobre o papel da China diante desse cenário, Alckmin foi enfático: “O Brasil tem uma relação sólida com a China, nosso maior parceiro comercial. Naturalmente, estamos ampliando as conversas com o mercado chinês e outros mercados asiáticos e do Sul Global para diversificar nossas exportações e reduzir eventuais impactos”.

Em 2024, a China respondeu por quase 35% das exportações brasileiras, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). As vendas incluem principalmente soja, minério de ferro, petróleo, carnes e celulose. Setores que podem absorver parte da produção hoje direcionada aos EUA.

Opção pelo diálogo e fortalecimento do BRICS

Alckmin também reforçou a posição brasileira de não romper laços com Washington, mas de buscar alternativas equilibradas. “Não se trata de escolher entre um ou outro lado. O Brasil tem maturidade para dialogar com todos, mantendo sua soberania e defendendo o interesse nacional.”

O vice-presidente lembrou que o Brasil, como membro do BRICS, busca fortalecer mecanismos de cooperação com China, Rússia, Índia, África do Sul e outros países do grupo ampliado. “O BRICS é uma plataforma importante para reforçarmos o comércio Sul-Sul e reduzir nossa vulnerabilidade a pressões externas”, destacou.

Negociações continuam

Segundo fontes da diplomacia brasileira ouvidas pela Agência Brasil China, negociações com os EUA seguem em andamento, com participação ativa da equipe do Itamaraty e do Ministério da Fazenda. A expectativa do governo é conseguir pelo menos adiar ou suspender a entrada em vigor das tarifas enquanto as conversas seguem.

Enquanto isso, o setor privado brasileiro já começa a se mobilizar para ajustar suas estratégias. Entidades empresariais das áreas de agroindústria, siderurgia e tecnologia vêm realizando reuniões com o governo para discutir medidas de mitigação e buscar apoio para explorar novos mercados.

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