Em coletiva cedida por Lula nesta tarde de segunda-feira (22) em São Paulo, o presidenciável recebeu perguntas de correspondentes de veículos internacionais de imprensa.
Acompanhado por Celso Amorim e Aloizio Mercadante, o ex-presidente chegou ao salão do Hotel Intercontinental por volta de meio-dia e abriu a sessão com uma fala mencionando a importância da questão climática, propondo uma nova governança global que reformule a lógica do pós-1948, com mais força ante governos nacionais.

Perguntado sobre qual seria a posição do Brasil em um eventual novo governo Lula sobre os atuais conflitos no mundo, o ex-presidente repudiou a guerra da Rússia e Ucrânia e citou um eventual conflito entre China e Taiwan, se colocando em defesa da paz:
“O Brasil fará todo esforço que estiver ao seu alcance na conversa com outros chefes de Estado para que a gente estabeleça novamente a paz. Não interessa a ninguém, nesse momento, qualquer guerra. O mundo está precisando de paz.”
Para Lula, é inadmissível a “continuidade da guerra da Rússia com a Ucrânia, ou que haja um conflito entre China e Taiwan”.
Lula defendeu uma reformulação da governança global, partindo de uma ampliação do Conselho de Segurança da ONU e chegou a defender o fim do direito ao veto:
“É preciso colocar a geopolítica do século XXI para dirigir a ONU e quem sabe, a gente consiga evitar essas guerras”.

O presidente, no entanto, se esquivou e evitou entrar na questão envolvendo a visita da congressista democrata, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan, a qual foi considerada por grande parte da comunidade internacional como uma provocação dos EUA que viola o princípio de Uma Só China. Lula se limitou a dizer que os problemas entre China e EUA “não são uma novidade”.
Ao se referir à integração com os países latino-americanos, Lula defendeu um aprofundamento não só comercial, mas também político entre os países do continente. Para o ex-presidente, é preciso uma “expansão conjunta”, e foi enfático em defender a criação de mecanismos de cooperação com a União Européia.
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Já quando foi perguntado sobre a relação entre o Brasil e a China, Lula assumiu um tom mais moderado e optou por trazer um balanço histórico dos governos petistas. Isso já era esperado, considerando que o ex-presidente é o primeiro colocado nas intenções de voto e falar de China parece ter se tornado um tabu entre os principais presidenciáveis.
“Fui o primeiro a reconhecer a China como uma economia de mercado”.
Lula se colocou como alguém que não aceitou entrar no esquema dos países centrais de culpar a China pela poluição do planeta terra. Citando a COP15 de 2009, Lula revelou ter recebido ligações de diversos líderes mundiais tentando encontrar maneiras de “punir a China”:
“Naquela época, eu perguntei [ao primeiro-ministro britânico]: Por acaso a Inglaterra está colocando na sua conta o pagamento histórico da poluição desde a revolução industrial? Os americanos estão pagando a sua dívida histórica com o mundo pela poluição da sua industrialização? Por que tentar jogar a culpa em cima da China? A gente pode dizer que a China está poluindo, mas não é a China a única responsável”.
O presidente enfatizou seu respeito com a relação entre Brasil e China, e que espera reestabelecer uma boa relação também com outros países, como EUA e os países da União Europeia.