A cidade do Rio de Janeiro tornou-se, nesta semana, o novo centro global de debates sobre ciência e inovação. A Conferência Internacional “Light na América do Sul” (LISA 2025) teve início nesta segunda-feira (13), reunindo pesquisadores e especialistas em óptica e fotônica de 12 países e regiões para discutir avanços tecnológicos e fortalecer a cooperação internacional em ciência de ponta.
O evento, que se estende até sexta-feira (17), é coorganizado pelo Instituto de Óptica, Mecânica Fina e Física de Changchun (CIOPM), pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A iniciativa tem o apoio institucional da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Chinesa de Ciências (CAS) e da Aliança de Organizações Científicas Internacionais (ANSO) — redes que há anos impulsionam a integração entre centros de pesquisa do Sul Global.
Cooperação científica como elo entre países
Durante cinco dias, os participantes terão sessões temáticas sobre Inteligência Artificial e Fotônica, Biofotônica, Materiais Ópticos, Tecnologia Quântica e Cooperação China-Brasil, além de apresentações de pôsteres e encontros fechados para discutir novas parcerias acadêmicas.
Segundo Anderson Gomes, presidente da conferência e membro da Academia Brasileira de Ciências, a realização do evento no Brasil é um marco para o avanço científico regional. “A LISA 2025 é uma oportunidade rara para que pesquisadores brasileiros interajam com a comunidade científica global. O país precisa ampliar sua produção acadêmica e essa troca direta é fundamental para inspirar novos projetos e formar jovens talentos”, afirmou.
Um diálogo entre o Sul Global e o mundo
A engenheira-chefe adjunta do CIOPM, Bai Yuhong, destacou que a cooperação científica e tecnológica é peça-chave para o desenvolvimento sustentável e parte essencial da Iniciativa Cinturão e Rota, proposta pela China. “A ciência deve ser uma ponte para o progresso compartilhado. A inovação, quando conectada entre países em desenvolvimento, tem um impacto ainda maior”, explicou.
Para Isabel Carvalho, professora da PUC-Rio e presidente do comitê do programa, o encontro reforça o papel da América do Sul como um novo polo de pesquisa em óptica e fotônica. “É um momento simbólico. Pela primeira vez, o continente recebe uma conferência dessa magnitude, oferecendo uma plataforma de diálogo de alto nível entre cientistas do Sul Global e do Norte Global”, destacou.
Avanços reconhecidos internacionalmente
O professor Fredrik Laurell, do Instituto Real Sueco de Tecnologia (KTH), ressaltou que o evento mostra o potencial científico da América do Sul. “Durante décadas, conferências dessa área se concentraram na Europa e nos Estados Unidos. Mas países como Brasil e China provaram que possuem infraestrutura, pesquisadores e resultados de impacto mundial”, afirmou.
Já o professor Daniel Razansky, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH Zurique), apresentou suas pesquisas sobre luz e neurociência e reforçou a importância do encontro. “Muitos países em desenvolvimento têm cientistas brilhantes, mas enfrentam limitações de financiamento. Este tipo de conferência cria pontes, abre oportunidades e permite que a ciência sirva a toda a humanidade.”
Um novo marco para a colaboração sino-brasileira
Durante a cerimônia de abertura, foi inaugurado o “Escritório da Light na América do Sul”, o 27º escritório regional da rede internacional Light: Science & Applications, uma das mais prestigiadas revistas científicas da área. Anderson Gomes foi nomeado diretor do novo centro, que funcionará como elo permanente entre instituições de pesquisa brasileiras e chinesas.
A série de conferências Light, criada em 2011, já realizou mais de 30 edições em países como China, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Itália e Singapura, somando mais de 10 mil participantes. A edição no Rio reafirma o papel do Brasil como parceiro estratégico da China na ciência global e marca um novo capítulo na integração acadêmica entre os continentes.
Com a LISA 2025, o Rio de Janeiro não apenas recebe um dos eventos mais importantes do calendário científico internacional — mas também se consolida como vitrine de uma nova era de cooperação científica e tecnológica entre a China, o Brasil e o mundo.