China tenta apaziguar conflito entre Irã e Israel

Principal diplomata da China, Wang Yi, lidera rodadas de conversas com partes envolvidas no conflito do Oriente Médio, inclusive representantes iraniano e israelense, além da Arábia Saudita

(Foto: CGTN)

A diplomacia chinesa atua para evitar uma escalada das tensões no Oriente Médio. O principal diplomata chinês, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, conversou nesta segunda-feira (15) por telefone com o chanceler do Irã, Hossein Amir-Abdollahian.

A conversa, a pedido do iraniano, ocorre após os ataques do Irã no último sábado (13) contra Israel em resposta a bombardeios a um complexo diplomático iraniano na Síria.

Amir-Abdollahian informou Wang sobre a posição do Irã sobre o ataque à embaixada iraniana na Síria e comentou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, em reunião de emergência no último domingo (14), não havia respondido adequadamente e que o Irã tinha o direito de defender sua soberania.

O ministro iraniano mencionou que a situação regional é muito sensível e que o Irã pretende permanecer contido e não deseja agravar ainda mais a situação.

“O Irã defende um cessar-fogo imediato em Gaza e apoia os esforços da China para promover um cessar-fogo, restaurar a paz regional e fortalecer a cooperação entre os países da região. O Irã está ansioso para trabalhar com a China para desenvolver ainda mais a cooperação Irã-China”, disse Amir-Abdollahian.

Wang expressou a forte condenação da China e a firme oposição ao ataque à embaixada iraniana na Síria, afirmando que tal incidente é uma grave violação do direito internacional e inaceitável.

Avaliação da China sobre resposta do Irã contra Israel

A China observou que a resposta do Irã foi limitada e constituiu um exercício de autodefesa. A China aprecia a ênfase do Irã em não visar países regionais ou Estados vizinhos e sua política contínua de boa vizinhança e amizade. A China confia que o Irã lidará bem com a situação, mantendo sua soberania e dignidade enquanto evita mais instabilidade, disse Wang.

A situação atual é um efeito colateral da escalada em Gaza, disse o chanceler chinês. A prioridade imediata é implementar a Resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU para alcançar um cessar-fogo em Gaza, proteger civis e evitar mais desastres humanitários.

“A China está disposta a manter comunicação com o Irã e trabalhar em conjunto rumo a uma resolução abrangente, justa e duradoura para a questão palestina. Como parceiros estratégicos abrangentes, a China está pronta para avançar de forma estável na cooperação prática em diversos campos com o Irã e promover um maior desenvolvimento nas relações China-Irã”, disse Wang.

Conversa com Arábia Saudita

Wang, que também é integrante do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), iniciou comunicações intensivas com as partes regionais para evitar uma escalada adicional no Oriente Médio, pedindo para evitar que a situação se agrave ainda mais.

No mesmo dia, o diplomata chinês também conversou com o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, sobre a situação regional no Oriente Médio.

“A China se opõe firmemente ao ataque à embaixada iraniana na Síria, uma séria violação do direito internacional, e observou a afirmação do Irã de que sua retaliação não visava países vizinhos e que desejava continuar sua política de boa vizinhança e amizade”, ressaltou Wang a Faisal.

A situação atual enfrenta uma escolha entre deterioração e normalização. A China aprecia a ênfase da Arábia Saudita em resolver questões por meios diplomáticos e está disposta a trabalhar em conjunto com a Arábia Saudita para evitar uma escalada adicional da confrontação, disse Wang.

O chanceler chinês também destacou que a prioridade urgente é implementar estritamente a Resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU, para alcançar imediatamente um cessar-fogo incondicional e duradouro, proteger eficazmente civis e garantir ajuda humanitária.

“A falha do povo palestino em alcançar seus legítimos direitos nacionais tem sido a injustiça mais duradoura de nosso tempo, a raiz da questão Israel-Palestina e o cerne do problema do Oriente Médio. A direção para resolver esta questão é implementar rapidamente a “solução de dois estados”, estabelecer um estado palestino independente, restaurar os legítimos direitos nacionais do povo palestino e alcançar uma convivência pacífica entre Israel e Palestina”, destacou Wang.

Faisal expressou que a Arábia Saudita e a China têm posições altamente consistentes sobre a situação atual no Oriente Médio. Ambos os países defendem a resolução de diferenças por meio do diálogo e estão comprometidos em manter a paz e a estabilidade no Oriente Médio.

Conversa com embaixadora de Israel

Também na segunda-feira, o enviado especial do governo chinês para questões do Oriente Médio, Zhai Jun, se encontrou com a embaixadora de Israel na China, Irit Ben-Abba Vitale, a pedido desta última.

A China está profundamente preocupada com a atual escalada das tensões regionais, e conflitos e derramamento de sangue não servem aos interesses de ninguém. Todas as partes envolvidas devem exercer o máximo de calma e contenção, disse Zhai.

O diplomata chinês enfatizou a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, garantindo ajuda humanitária, a libertação de todo o pessoal detido e um acordo político para a questão palestina baseado na solução de dois estados para garantir uma convivência pacífica entre Israel e Palestina.

Solução dos dois estados

A China defende a solução de dois estados, com a criação de um estado Palestino. No último domingo, durante reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o embaixador chinês da China nas Nações Unidas, Dai Bing, pediu máxima contenção para evitar uma nova escalada do conflito no Oriente Médio.

“Não há alternativa à plena implementação da solução de dois Estados, a única forma de acabar de uma vez por todas com o círculo vicioso do conflito israelo-palestino. A China apela à comunidade internacional, especialmente aos países com influência, para que desempenhem um papel construtivo para a paz e a estabilidade da região”, disse

Em 8 de abril, o Conselho de Segurança da ONU  encaminhou a solicitação de adesão plena da Autoridade Palestina ao comitê de novos membros. O conselho deve decidir em uma reunião ministerial sobre o Oriente Médio nesta quinta-feira (18).

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