China reafirma compromisso com o multilateralismo em meio a negociações com os EUA

Posicionamento reforça discurso diplomático em defesa da cooperação global e abre espaço para protagonismo do Sul Global

(Foto: Reprodução)

Em declaração recente, o governo chinês reafirmou que, embora as negociações comerciais com os Estados Unidos sejam relevantes, o verdadeiro pilar da estabilidade internacional continua sendo o multilateralismo. A fala ocorre em meio à retomada de diálogos comerciais entre Washington e Pequim e reforça o compromisso da China com uma ordem mundial mais equilibrada, cooperativa e inclusiva.

Autoridades chinesas destacaram que os Estados Unidos seguem sendo uma potência relevante para a economia global, mas insistiram que acordos bilaterais, por si só, não garantem segurança nem prosperidade sustentáveis. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, a solução para os principais desafios globais — como mudanças climáticas, segurança alimentar, cadeias produtivas e inovação — passa por estruturas multilaterais e pelo fortalecimento de instituições como a ONU, o G20, a OMC e o BRICS.

O discurso vem sendo reiterado em diversos fóruns internacionais, especialmente diante das recentes tensões comerciais entre EUA e China, marcadas por sanções, subsídios estratégicos e disputas tecnológicas. Ao mesmo tempo, Pequim tem intensificado sua aproximação com países do Sul Global, incluindo Brasil, África do Sul e membros da ASEAN, defendendo uma governança econômica mais democrática e multipolar.

Para o Brasil, parceiro estratégico da China e membro ativo do BRICS, o posicionamento chinês reforça afinidades históricas na política externa: ambos os países defendem soluções multilaterais, o fortalecimento do comércio justo e o combate ao protecionismo. A crescente interlocução entre Brasília e Pequim — visível em acordos comerciais, ambientais e científicos assinados nos últimos anos — reflete essa sintonia.

A fala da diplomacia chinesa também dialoga com o atual esforço do Brasil em se posicionar como mediador internacional, defensor do diálogo e da paz, inclusive em cenários de conflito como o da guerra na Ucrânia. Nesse contexto, a defesa do multilateralismo não é apenas um princípio — mas também uma ferramenta de projeção internacional.

Enquanto as potências globais ajustam suas estratégias, o Brasil observa de perto os desdobramentos das negociações sino-americanas, consciente de que sua inserção em cadeias globais de valor e sua autonomia internacional passam, necessariamente, por um mundo multipolar e cooperativo.

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