A China deu mais um passo histórico rumo à neutralidade de carbono ao concluir a instalação do maior complexo de energia renovável do planeta, um conjunto integrado de painéis solares e turbinas eólicas que se estende por mais de 400 quilômetros no deserto de Tengger, na região autônoma de Ningxia, no norte do país.
Com capacidade combinada estimada em 30 gigawatts (GW) — o suficiente para abastecer cerca de 13 milhões de residências —, o megaprojeto consolida a posição da China como líder global em geração limpa e marca uma nova etapa de seu plano de reduzir as emissões de carbono até 2030 e atingir a neutralidade até 2060.
Um marco na infraestrutura verde
O complexo reúne painéis fotovoltaicos, turbinas eólicas e sistemas avançados de armazenamento de energia, capazes de garantir fornecimento contínuo mesmo durante períodos sem vento ou luz solar. As linhas de transmissão de alta tensão foram projetadas para integrar o sistema à rede elétrica nacional, levando energia limpa às regiões industriais da costa leste, que concentram grande parte do consumo do país.
Autoridades chinesas destacaram que o projeto é um exemplo concreto do compromisso do país com a inovação tecnológica e a sustentabilidade, resultado de investimentos bilionários em pesquisa e desenvolvimento de materiais fotovoltaicos mais eficientes e de baterias de longa duração.
Escala e eficiência inéditas
O complexo ocupa uma área superior a 3 mil quilômetros quadrados — aproximadamente o tamanho do Distrito Federal — e combina diferentes fontes de energia para reduzir perdas de eficiência. A estimativa é que o sistema evite a emissão de mais de 60 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, equivalente ao que seria produzido por 12 milhões de automóveis movidos a combustíveis fósseis.
Além de gerar energia limpa, o projeto também impulsiona a economia regional, com criação de milhares de empregos nas fases de construção, operação e manutenção, além de incentivar o turismo tecnológico e científico na região.
Liderança global em energia limpa
A China já é responsável por mais de 35% da capacidade global de energia solar instalada e por quase metade da produção mundial de painéis fotovoltaicos. O país também investe massivamente em energia eólica e em tecnologias de armazenamento em larga escala, reforçando seu papel de protagonista na transição energética mundial.
De acordo com o Ministério da Ecologia e Meio Ambiente, o novo complexo representa “um símbolo do futuro energético do país — limpo, integrado e tecnologicamente avançado”.
O projeto no deserto de Tengger não apenas redefine os limites da engenharia e da sustentabilidade, mas também reafirma a estratégia chinesa de transformar seus vastos recursos naturais e tecnológicos em instrumentos de poder verde global, inspirando outras nações a acelerarem seus próprios planos de descarbonização.