A Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de Agricultura da China (UCA) avançam para celebrar um acordo de cooperação acadêmica entre o Brasil e a China na área de agricultura sustentável para o enfrentamento à fome.
A UnB e a UCA pretendem inaugurar neste ano o Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção da Ciência e Tecnologia para Agricultura Familiar. A parceria entre os dois países tem foco em agricultura familiar, produção de bioinsumos e maquinário para pequenos agricultores.
Na última segunda-feira (29), uma delegação da UCA, liderada pelo decano da Faculdade de Engenharia, Song Zhengue, visitou a Fazenda Água Limpa (FAL) da UnB para explorar potenciais colaborações em agricultura.
Song lembrou que pesquisadores das duas universidades têm realizado reuniões on-line e elogiou a visita detalhada à FAL.
“Acredito que a parceria prática entre as nossas instituições pode começar pela mecanização e bioinsumos. Vamos insistir na integração da educação, indústria e tecnologia”, sugeriu.
Em seguida, o grupo de chineses foi recebido pela reitora da UnB, Márcia Abrahão, e conheceu o Laboratório de Energia e Ambiente da Faculdade de Tecnologia (LEA/FT).
“Um dos pilares dessa nova era está na agricultura. Combater a fome e produzir alimentos saudáveis de maneira sustentável são objetivos fundamentais em que nossos países estão comprometidos a cooperar. Além de evoluir em sua sustentabilidade ambiental, a agricultura também tem o desafio de superar as desigualdades sociais”, disse a reitora Márcia Abrahão.
Os ministros do Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, participaram do encontro.
Teixeira comentou que Brasil e China são parte do G20 e dos BRICS e têm que assumir o tema central que é uma aliança global para o combate à fome e à pobreza.
O ministro citou que, no Rio Grande do Norte, empresas chinesas levaram pequenas máquinas para auxiliar os agricultores. De acordo com ele, cerca de 70% dos agricultores brasileiros não têm maquinários.
“Nós estamos juntos com o Consórcio do Nordeste, a governadora do Rio Grande do Norte e o MST [Movimento Sem Terra] inaugurando essa experiência no próximo sábado (3). Essa experiência será muito importante se acompanhada da disposição de produzir essas máquinas no Brasil”, anunciou Teixeira.
Já Macêdo pontuou que a iniciativa é inédita e muito significativa, porque envolve dois países, uma instituição de formulação de saber e o movimento social em um tema fundamental.
“Espero que esse projeto seja o início de uma grande colaboração, que culmine na produção dessas máquinas no Brasil”, afirmou Macêdo.
A representante do Movimento Sem Terra (MST) Bárbara Loureiro concordou que a produção de bioinsumos e das máquinas agrícolas são centrais para o fortalecimento da agricultura.
“Precisamos popularizar e democratizar o acesso às tecnologias que aumentam a produção de alimentos, com melhores condições de trabalho. O desenvolvimento da agroecologia não resolve apenas o problema da agricultura camponesa, mas da sociedade em geral”, destacou Bárbara.
O encontro contou ainda com a presença de representantes da Embrapa, Henrique Carvalho, e da Embaixada da China no Brasil, Wang Zhiwei; do coordenador da Baobab (Associação Internacional de Cooperação Popular), Luiz Zarref; do professor Sérgio Sauer, coordenador do Centro de Pesquisa; e dovice-reitor da UnB, Enrique Huelva, entre outras autoridades.
Confira o vídeo do MST sobre o evento
Uma publicação compartilhada por MST (@movimentosemterra)
Parceria em construção
A relação Brasil-China completa 50 anos em 2024. Na UnB, a cooperação com a UCA tem se fortalecido desde meados de 2023, com a visita do embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao; com a assinatura do memorando de entendimento entre as instituições em setembro; e com a visita da reitora Márcia Abrahão à China no final do ano. Agora foi a vez da delegação chinesa conhecer a UnB.