China condena ataques de Israel e se apresenta como mediadora em crise com Irã

Pequim reforça papel diplomático diante da escalada no Oriente Médio e propõe retorno ao diálogo como caminho para a paz

(Foto: Reprodução / Xinhua)

Em meio à recente intensificação das tensões entre Israel e Irã, a China adotou uma postura firme ao condenar os ataques israelenses e se posicionar como uma possível mediadora para a retomada do diálogo entre os dois países. O posicionamento, divulgado nesta semana pelo Ministério das Relações Exteriores chinês, reforça a atuação diplomática de Pequim em regiões de instabilidade geopolítica, como o Oriente Médio.

A porta-voz da chancelaria chinesa, Mao Ning, afirmou que os ataques israelenses violam gravemente a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. Ela defendeu que a soberania e a segurança dos países devem ser respeitadas e reiterou que a China “apoia os países da região a resolverem suas divergências por meios políticos e diplomáticos”.

O bombardeio israelense à cidade iraniana de Isfahan, no último fim de semana, elevou o nível de alerta na região, reacendendo o temor de uma escalada militar entre as duas potências rivais. O Irã, por sua vez, minimizou os danos, classificando os ataques como “fracassados”, mas o episódio foi suficiente para acender o alerta da comunidade internacional.

Pequim no centro do xadrez diplomático

O movimento chinês vai além da crítica: ao condenar os ataques e reforçar a importância do diálogo, a China envia um sinal claro de que está disposta a atuar como um ator chave na mediação de conflitos internacionais. A diplomacia chinesa tem, nos últimos anos, ampliado sua presença em zonas de conflito, buscando reforçar sua imagem como potência responsável e promotora da estabilidade global.

Essa estratégia já teve resultados relevantes: em 2023, a China foi responsável por mediar o histórico reatamento de relações entre Irã e Arábia Saudita, um feito diplomático que surpreendeu a comunidade internacional e consolidou a influência de Pequim no Golfo Pérsico.

Reflexos para o Brasil e o mundo

Para o Brasil, que mantém boas relações com os dois lados da disputa — inclusive participando ativamente de fóruns multilaterais como BRICS e G20 — a atuação chinesa pode ser vista com bons olhos. Um Oriente Médio mais estável reduz os riscos geopolíticos que afetam diretamente o comércio de petróleo e fertilizantes, insumos essenciais para a economia brasileira.

Além disso, a aposta chinesa no multilateralismo e na resolução pacífica de conflitos converge com a tradição diplomática brasileira, que historicamente prioriza o diálogo e a mediação. Ambos os países, inclusive, vêm defendendo reformas na governança global e a valorização de instâncias como a ONU.

Caminho incerto, mas necessário

Apesar da postura proativa de Pequim, o cenário no Oriente Médio permanece volátil. A rivalidade entre Israel e Irã está profundamente enraizada em questões religiosas, geopolíticas e nucleares. No entanto, ao se colocar como facilitadora de uma possível distensão, a China reforça seu papel como potência global que prefere a diplomacia às sanções — uma mensagem que ressoa especialmente entre os países do Sul Global.

Enquanto os Estados Unidos mantêm uma postura de alinhamento automático a Israel, a China busca ampliar sua influência com base na neutralidade e na promoção do diálogo. Essa abordagem pode, no médio prazo, redesenhar os equilíbrios de poder na região e abrir espaço para novas alianças e dinâmicas diplomáticas.

Em um mundo cada vez mais multipolar, o papel da China como construtora de pontes ganha protagonismo — e o Brasil, atento aos desdobramentos, pode encontrar nesse novo cenário oportunidades de cooperação, diálogo e presença estratégica.

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