China autoriza importação de proteína animal brasileira e abre nova fase na parceria agropecuária

Pela primeira vez, empresas do Brasil poderão exportar farinhas de proteína animal para o mercado chinês; medida sinaliza fortalecimento da confiança sanitária e novas oportunidades para o agro brasileiro

(Foto: Reprodução)

O agronegócio brasileiro acaba de conquistar um novo marco no relacionamento comercial com a China. Pela primeira vez, empresas do Brasil foram oficialmente autorizadas a exportar farinhas de proteína animal para o mercado chinês — um avanço significativo nas relações bilaterais e um sinal claro da confiança de Pequim na qualidade sanitária dos produtos brasileiros.

O anúncio, feito nesta terça-feira (6) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representa o desfecho de meses de negociação técnica entre os serviços de inspeção sanitária dos dois países. O acordo foi assinado em abril deste ano durante a visita do ministro Carlos Fávaro à China, quando chefiou uma delegação do setor agropecuário em busca de novas frentes de cooperação.

Confiança e rigor sanitário: um sinal positivo para o agro brasileiro

A autorização chinesa não é trivial. O país asiático impõe exigências sanitárias extremamente rigorosas para a importação de farinhas de proteína animal, um insumo utilizado principalmente na alimentação de animais e na indústria de ração. O fato de o Brasil ter superado essas barreiras técnicas demonstra não apenas a qualidade dos seus controles sanitários, mas também o fortalecimento do diálogo institucional entre os dois governos.

A entrada desse novo produto no mercado chinês abre um canal comercial até então inexplorado para as empresas brasileiras do setor, que agora passam a disputar um mercado em crescimento acelerado e altamente competitivo. A expectativa é de que esse movimento incentive novas habilitações e abra caminho para a exportação de outros derivados de origem animal.

Parceria estratégica que ganha corpo

A China já é o principal destino das exportações agropecuárias brasileiras, com destaque para soja, carne bovina, frango e celulose. Em 2024, o volume de comércio bilateral ultrapassou os US$ 100 bilhões, com os produtos do campo respondendo por boa parte dessa movimentação.

Agora, com a inclusão das farinhas de proteína animal no portfólio de exportação, o Brasil amplia sua presença no setor de insumos agroindustriais e reforça sua posição como fornecedor confiável para o maior mercado consumidor do mundo.

Esse novo acordo também sinaliza uma mudança qualitativa na cooperação sino-brasileira: mais do que vender commodities, o Brasil passa a ocupar espaços estratégicos nas cadeias produtivas globais — inclusive em segmentos mais técnicos e regulados.

Impacto positivo e perspectiva de expansão

O impacto prático da medida deve ser sentido já nos próximos meses, especialmente entre os frigoríficos e indústrias de reciclagem de subprodutos animais, que vêm se preparando para atender aos padrões internacionais. Além disso, a medida pode impulsionar investimentos em rastreabilidade, certificação e inovação no setor, elevando o padrão da produção nacional.

Para o governo brasileiro, trata-se de mais um passo no esforço de diversificar as exportações e reduzir a dependência de poucos produtos. Já para a China, a decisão reforça sua estratégia de segurança alimentar e diversificação de fornecedores — um tema sensível diante de instabilidades logísticas e sanitárias no cenário global.

Brasil-China: um exemplo de benefício mútuo

Em tempos de tensões comerciais e políticas entre grandes potências, o avanço da parceria entre Brasil e China no setor agropecuário mostra que há espaço para cooperação baseada em confiança mútua, pragmatismo e interesse compartilhado.

O ministro Carlos Fávaro já havia destacado em abril, durante sua missão oficial à China, que o objetivo era “abrir novas portas e consolidar o Brasil como parceiro confiável do agro mundial”. A habilitação das farinhas de proteína animal parece ser uma resposta concreta a essa missão.

Mais do que uma vitória diplomática, a medida representa uma aposta no futuro — um futuro em que o Brasil assume um papel cada vez mais relevante não apenas como fornecedor, mas como parceiro estratégico na segurança alimentar global.

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