A China imporá tarifas adicionais sobre uma série de produtos agrícolas importados dos Estados Unidos a partir desta segunda-feira (10), em uma medida de retaliação às tarifas impostas por Washington sobre produtos chineses. Com isso, a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo pode criar oportunidades para o Brasil, especialmente no setor agropecuário, apontaram analistas do mercado.
Detalhes das tarifas e setores afetados
A nova rodada de tarifas afeta diretamente o agronegócio norte-americano, com sobretaxas que podem impactar a competitividade de seus produtos no mercado chinês. Ficou estabelecido que:
- Uma tarifa adicional de 15% será aplicada sobre carne de frango, trigo, milho e algodão.
- Uma tarifa extra de 10% incidirá sobre sorgo, soja, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios.
Essas medidas são uma resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, que, em fevereiro, assinou uma ordem executiva impondo tarifas de 10% sobre importações da China. Posteriormente, em março, Trump dobrou a tarifa para 20%, sob a justificativa de que Pequim não estaria tomando medidas suficientes para conter o fluxo do fentanil, um entorpecente sintético, para os EUA.
Impacto no comércio agrícola global e oportunidades para o Brasil
Com a imposição de novas tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA, a China tende a buscar fornecedores alternativos, o que pode beneficiar exportadores de outros países. O Brasil se destaca como um dos principais candidatos a ocupar esse espaço, especialmente nos segmentos de soja, carne bovina, carne suína, algodão e produtos agrícolas.
Soja e milho
A soja brasileira já é a principal fornecedora para a China, e o novo cenário pode fortalecer ainda mais essa posição. Em 2023, o Brasil exportou 74,65 milhões de toneladas de soja para a China, representando mais de 60% das importações chinesas do grão. Com as tarifas sobre os EUA, a tendência é que a demanda chinesa pelo grão brasileiro aumente ainda mais.
No caso do milho, o Brasil já vinha ganhando espaço no mercado chinês após um acordo firmado no final de 2022, e a nova política de tarifas pode acelerar essa tendência.
Carnes e produtos agropecuários
O Brasil é um grande exportador de carne bovina e suína para a China, e com as tarifas impostas sobre os produtos norte-americanos, as exportações brasileiras podem crescer ainda mais. Em 2023, cerca de 47% das exportações brasileiras de carne bovina tiveram como destino a China, consolidando o país asiático como o maior comprador do produto brasileiro.
Além da carne bovina, o setor de frutas, laticínios e produtos aquáticos pode encontrar mais espaço no mercado chinês.
Reações dos EUA e cenário político
A decisão da China de impor tarifas adicionais representa mais uma escalada na guerra comercial com os EUA. A retórica de Donald Trump tem sido agressiva contra Pequim, e especialistas apontam que as tensões podem se intensificar ainda mais caso ele continue ampliando restrições comerciais. O governo norte-americano já ameaçou novas sanções contra empresas chinesas, e analistas alertam que esse embate pode prejudicar a economia global.
Por outro lado, a China tem adotado uma postura firme de retaliação, mostrando que está disposta a defender seus interesses comerciais e buscar novos parceiros estratégicos, como o Brasil.
Conclusão
A imposição das novas tarifas chinesas pode representar um golpe significativo para os agricultores dos EUA, que dependem fortemente das exportações para a China. Enquanto isso, o Brasil pode emergir como um grande beneficiado, ampliando suas exportações agrícolas para o gigante asiático e fortalecendo sua relação comercial com Pequim.
No entanto, especialistas alertam que a escalada da guerra comercial pode gerar instabilidade no comércio global, o que exige cautela e planejamento estratégico dos exportadores brasileiros para aproveitar essas novas oportunidades de mercado.