China ‘agradece’ alerta sobre vigilância global feito pela CIA

Governo chinês comenta artigo do diretor da agência de inteligência dos EUA, William Burns, de que tem espiões por toda a parte e que aumentou recursos na administração de Joe Biden para vigiar potência asiática

(Foto: Shutterstock)

A China “agradeceu” o alerta feito pela CIA, a agência de inteligência dos EUA, de que mais do que dobrou a porcentagem do seu orçamento global para vigiar a potência asiática nos últimos dois anos e que tem espiões espalhados por todo o mundo.

O comentário foi feito durante coletiva regular de imprensa nesta sexta-feira (2), em Pequim, pelo porta-voz Wang Wenbin, do Ministério de Negócios Estrangeiros da China, o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores.

Wang respondeu a um jornalista da CCTV, a principal emissora chinesa, sobre artigo do diretor da CIA, William Burns, publicado na revista Foreign Affairs na última terça-feira (30) para a edição de janeiro e fevereiro de 2024.

O texto assinado por Burns, intitulado “Spycraft and Statecraft” (Espionagem e Diplomacia, em tradução livre), cita a China 24 vezes e informa que a CIA alocou significativamente mais recursos para a coleta, operações e análises de inteligência relacionadas à potência asiático em todo o mundo.

Em um dos trechos do artigo, o diretor da agência de espionagem dos EUA afirma que mesmo que a Rússia represente o desafio mais imediato a Washington, a China é a maior ameaça a longo prazo.

O diretor da CIA comenta no texto que nos últimos dois anos, ou seja, durante a administração de Joe Biden, a agência tem se reorganizado para refletir essa prioridade. Ele comenta que começou a reconhecer que as prioridades não são reais a menos que os orçamentos a reflitam.

Burns escreve ainda que a agência de inteligência mais do que dobrou a porcentagem do orçamento global para vigiar a China nos últimos dois anos.

 “Estamos contratando e treinando mais falantes de mandarim, ao mesmo tempo em que intensificamos esforços em todo o mundo para competir com a China, da América Latina à África e ao Indo Pacífico”, escreveu.

Em resposta, Wang ressaltou que a China está comprometida com uma trajetória de desenvolvimento pacífico. O desenvolvimento da China representa oportunidades para o desenvolvimento global e o fortalecimento da paz mundial.

“Como líder da maior agência de espionagem do mundo, William Burns explicitamente disse a todos que os espiões americanos estão por toda parte. Agradecemos a ele por nos alertar. A China tomará as precauções de praxe e não permitirá que os EUA alcancem seus objetivos por meio de ações ilegais”, encerrou.

CIA tem divisão só para espionar a China

Em outubro de 2021, Burns anunciou a criação de uma nova divisão, chamada Centro de Missão da China, que passou a integrar todas as áreas da agência de inteligência para ‘intensificar nosso esforço conjunto’ contra o que é visto como a principal ameaça geopolítica atual.

Meses antes, durante sua justificativa para a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, no dia 14 de abril de 2021, o presidente dos EUA, Joe Biden, destacou a importância de realocar recursos para lidar com ‘as ameaças representadas pela China e Rússia’, além de fortalecer a posição competitiva dos EUA ‘diante desses desafios emergentes’ no século XXI.

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