Brasil repudia ataque de Israel a ONG em Gaza e exige que Israel cumpra cessar-fogo

Em nota do Itamaraty, governo brasileirou alertou para alto número de agentes humanitários mortos por ofensiva israelense; World Central Kitchen cobra investigação independente sobre ataque

(Foto: World Central Kitchen/Twitter)

Na esteira do ataque aéreo de Israel que matou sete trabalhadores da ONG humanitária World Central Kitchen (WCK) na região de Deir el-Balah, na Faixa de Gaza, o governo brasileiro repudiou nesta quinta-feira (04/04) “toda e qualquer ação militar contra alvos civis” e exigiu que Israel cumpra a resolução de cessar-fogo aprovada pelo Conselho De Segurança da ONU em 25 de março. 

“O governo brasileiro reitera o firme repúdio a toda e qualquer ação militar contra alvos civis, sobretudo aqueles ligados à prestação de ajuda humanitária e de assistência médica. E reitera a importância do cumprimento da demanda de um cessar-fogo imediato contida na resolução 2728 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 25 de março”, escreveu por meio do Ministério das Relações Exteriores.

O documento alerta para o número de agentes humanitários mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023, um dado que já chega a 200 vítimas. 

“Esse número é o maior da história da ONU e representa, em menos de seis meses de conflito, quase três vezes mais vítimas entre trabalhadores humanitários do que jamais registrado em um único conflito, no período de um ano”, declara. 

O Itamaraty, em posicionamento firme contra a ofensiva militar de Israel em Gaza desde que o presidente Lula denunciou o genocídio palestino provocado pela guerra, também “recordou o caráter obrigatório das medidas cautelares da Corte Internacional de Justiça” – onde Israel é processado pela África do Sul pelo extermínio palestino – para prevenir o genocídio. 

“Com profunda consternação” o governo brasileiro “deplora a morte de civis e trabalhadores de saúde palestinos e os danos causados por ação militar das últimas semanas, que resultou na destruição do hospital Al-Shifa, em contexto no qual a assistência médica à população de Gaza é fundamental”. 

A nota também expressa solidariedade ao povo da Palestina, dos demais países de nacionalidade das vítimas (Austrália, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Polônia), e aos seus familiares. 

ONG cobra investigação independente sobre ataque de Israel

A ONG World Central Kitchen (WCK) cobrou, também nesta quinta-feira (04/04), uma investigação independente de terceiros sobre o ataque aéreo de Israel que matou sete de seus voluntários na Faixa de Gaza na última segunda (01/04). 

“Apelamos aos governos da Austrália, do Canadá, dos Estados Unidos, da Polônia e do Reino unido [países da nacionalidade dos voluntários vítimas do ataque] para que se juntem a nós no apelo a uma investigação independente e de terceiros sobre estes ataques, incluindo se foram realizados intencionalmente ou não em violação do direito internacional”, afirmou a WCK, citada pela CNN.

Na nota, a ONG destaca ainda ter solicitado ao governo israelense “que preserve imediatamente todos os documentos, comunicações, gravações de vídeo e/ou áudio e qualquer outro material potencialmente relevante” para os ataques, a fim de “garantir a integridade da investigação”.

Após a ofensiva, a organização norte-americana, fundada pelo chef José Andrés e que distribuía ajuda humanitária para civis no enclave palestino, foi forçada a suspender suas atividades na região.

Além disso, o ataque provocou críticas e cobranças de investigação por parte da comunidade internacional. Segundo a entidade, dois veículos blindados e com o logo da WCK foram bombardeados logo após deixar um galpão em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, onde a ONG havia descarregado mais de 100 toneladas de alimentos que chegaram ao enclave por via marítima.

Todos os deslocamentos tinham sido coordenados com o Exército de Israel, que chegou a reconhecer o “esforço vital” da World Central Kitchen para “fornecer alimentos e ajudas humanitárias à população de Gaza” e prometeu uma “análise aprofundada para compreender as circunstâncias desse trágico incidente”.

Por sua vez, em declaração oficial sobre o ocorrido, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desprezou a morte dos voluntários, descrevendo que “isso acontece na guerra”. 

(*) Com Ansa

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