O governo brasileiro está em negociações com autoridades chinesas para restringir o embargo às exportações de carne de frango apenas à região afetada por um recente surto de gripe aviária no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A medida visa mitigar os efeitos econômicos da suspensão imposta pela China desde 15 de maio, após a confirmação do primeiro caso da doença em uma granja comercial no país.
As tratativas, conduzidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária junto à Administração-Geral de Aduanas da China (GACC), propõem que a suspensão seja aplicada somente aos produtos provenientes de um raio de 10 km do foco do surto. Essa abordagem regionalizada está alinhada com os princípios da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e com procedimentos previstos no protocolo bilateral de carne de frango entre os dois países.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que, caso não surjam novos casos de gripe aviária nos próximos 28 dias, a expectativa é de que a regionalização do embargo seja formalizada. “Temos que ter cautela. O período de incubação do vírus é de 28 dias. Temos transparência na condução do processo, informando todos os casos suspeitos e os casos negativos vão garantir um ativo para propormos à China a regionalização”, afirmou Fávaro em reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária.
A China é o principal destino do frango brasileiro, respondendo por mais de 10% das exportações do setor em 2024. A suspensão das compras pelo país asiático, conforme previsto no acordo sanitário bilateral, afeta significativamente o setor avícola nacional. Além da China, outros países como União Europeia e Coreia do Sul também impuseram restrições às importações de frango brasileiro após o surto.
O governo brasileiro já está em negociações com outros países importadores para flexibilizar as suspensões das compras de carne de frango e derivados do Brasil. As negociações estão em andamento a fim de minimizar os impactos do foco de gripe aviária sobre a balança comercial do agronegócio brasileiro.
A expectativa é que a resposta da China sobre a proposta de limitar a suspensão apenas ao Rio Grande do Sul seja dada em, no máximo, duas semanas. Enquanto isso, o governo brasileiro continua monitorando a situação e adotando medidas para conter a propagação da doença e retomar as exportações o mais breve possível.