O Rio de Janeiro passou a sediar oficialmente, no último sábado (6), o Centro China-Brasil de Pesquisa e Cooperação para Intercâmbio e Aprendizagem Mútua. A iniciativa reúne duas universidades brasileiras — a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — e duas instituições chinesas de peso: a Universidade Renmin e a Universidade Beihang.
O projeto tem como foco promover intercâmbio de estudantes, cooperação em ciência e tecnologia, diálogo cultural e desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares. Na prática, trata-se de um movimento concreto para aproximar ainda mais Brasil e China não só no campo econômico, mas também no ambiente acadêmico e na formação de novas gerações.
“É um passo importante na construção de uma comunidade Brasil-China com um futuro compartilhado”, avaliou Aziz Tuffi Saliba, diretor de Relações Internacionais da UFMG, durante a cerimônia de inauguração. O evento contou com a participação de autoridades brasileiras e chinesas, incluindo o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao.
Segundo Zhu, o centro é uma oportunidade para “enriquecer ainda mais a conotação contemporânea das relações bilaterais” por meio do fortalecimento da cooperação em cultura, educação e inovação tecnológica. Em carta de felicitações, o diplomata ressaltou o compromisso da embaixada em apoiar iniciativas que envolvam jovens e promovam aprendizado mútuo.
Educação como ponte entre civilizações
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, classificou o centro como um marco na cooperação educacional Brasil-China. “Esperamos que as quatro universidades promovam conjuntamente a inovação colaborativa em educação e tecnologia, ampliem o desenvolvimento de talentos e aprimorem a aprendizagem mútua, escrevendo novos capítulos de benefício mútuo e cooperação ganha-ganha”, afirmou.
Do lado chinês, o secretário do Partido da Universidade Renmin, Zhang Donggang, destacou que a parceria é guiada pelos princípios de igualdade, benefício mútuo, abertura e inclusão. Ele afirmou que o centro funcionará como um “poderoso motor para o intercâmbio civilizacional”.
Zhao Changlu, da Universidade Beihang, completou dizendo que o centro irá reunir acadêmicos de primeira linha para promover inovação em pesquisas interdisciplinares, com destaque para áreas como inteligência artificial, energia renovável e saúde pública.
Impacto regional e estratégico
Além dos intercâmbios acadêmicos, o centro deve impulsionar o desenvolvimento de programas de treinamento internacional para jovens brasileiros e chineses, criando uma base sólida para projetos conjuntos em inovação tecnológica.
A iniciativa se insere em um contexto mais amplo de aproximação entre Brasil e China, especialmente no âmbito da parceria Sul-Sul. Só em 2024, o comércio bilateral superou US$ 150 bilhões, e setores como energia, infraestrutura, tecnologia e educação têm ganhado destaque nas conversas entre os dois países.
Para analistas, o centro universitário é mais uma peça nesse mosaico estratégico. “A cooperação Brasil-China já não se limita a soja, minério e infraestrutura. Ela avança agora para áreas de conhecimento e formação de capital humano, algo essencial para um relacionamento de longo prazo e com visão de futuro”, avalia a especialista em relações internacionais Ana Paula Diniz, da UnB.
Próximos passos
Segundo os organizadores, nos próximos meses o centro começará a organizar programas de intercâmbio estudantil, conferências internacionais e grupos de pesquisa conjuntos. A expectativa é que as primeiras turmas participem já a partir do primeiro semestre de 2026.
Para o público jovem que vive no Brasil e para os chineses da diáspora, iniciativas como essa representam uma chance concreta de atuar em projetos binacionais, conectando ciência, cultura e inovação em um ambiente de colaboração global.