O Brasil começa a colher resultados positivos em sua estratégia de contenção do impacto causado pela detecção de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. Rússia, África do Sul e outras nações já iniciaram a flexibilização das restrições à carne de frango brasileira, sinalizando confiança nos protocolos sanitários adotados pelo país.
No epicentro da estratégia agora está a China — principal compradora do frango brasileiro — com quem o governo federal negocia a chamada regionalização do embargo. A proposta consiste em restringir a suspensão das exportações apenas à área geográfica afetada, prática já adotada por diversos parceiros comerciais e reconhecida por organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Desde o início do surto, o Ministério da Agricultura e Pecuária tem mantido comunicação direta com autoridades chinesas, defendendo que o foco da doença foi isolado, contido e monitorado com total transparência. A proposta brasileira visa restaurar rapidamente o fluxo comercial com a China, minimizando perdas econômicas e evitando desabastecimento.
A China representa cerca de 14% das exportações totais de carne de frango do Brasil, tendo importado mais de 700 mil toneladas do produto apenas em 2024. Em um setor que movimenta mais de US$ 10 bilhões anuais, a manutenção da confiança chinesa é fundamental para a estabilidade das cadeias produtivas nacionais, sobretudo no Sul do país.
Além de um mercado estratégico, a China é também parceira do Brasil em diversas frentes no agronegócio, como cooperação tecnológica, rastreabilidade e sustentabilidade. A resposta que virá de Pequim nos próximos dias será um indicativo não apenas da relação bilateral no comércio de proteína animal, mas também da maturidade institucional no trato de questões sanitárias emergenciais.
Analistas apontam que a forma como o Brasil respondeu ao episódio — de maneira rápida, técnica e diplomática — fortalece sua imagem como fornecedor confiável de alimentos no cenário global. A expectativa é que, diante da experiência acumulada e da robustez sanitária brasileira, a China adote uma posição convergente com a de outros grandes importadores e reautorize as compras de forma parcial.
A reabertura gradual de mercados envia um sinal importante: o agronegócio brasileiro tem resiliência, apoio institucional e uma rede diplomática ativa — qualidades que reforçam o papel do Brasil como potência agroalimentar global e parceiro prioritário da China na segurança alimentar mundial.