O Brasil deu mais um passo estratégico para fortalecer sua infraestrutura e ampliar investimentos em desenvolvimento sustentável. Na última semana, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, reuniu-se em Xangai com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, para pactuar novas linhas de financiamento no valor de US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões).
O recurso será destinado a projetos do Novo PAC voltados para logística, transporte e transição energética, com prioridade para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Entre os empreendimentos previstos estão concessões rodoviárias, hidrovias, portos e terminais ferroviários como a Transnordestina, a Fiol e a Fico. A Amazônia terá atenção especial, com iniciativas que conciliam desenvolvimento e preservação ambiental.
Sustentabilidade no centro do acordo
Dilma Rousseff destacou que os financiamentos do banco estarão alinhados a uma “transição energética justa”, incentivando o uso de biocombustíveis, cidades inteligentes e soluções de baixo carbono. “Não se trata apenas de investir em obras, mas de transformar a matriz de crescimento em algo mais sustentável e resiliente”, afirmou.
Já Waldez Góes ressaltou que os recursos vão ajudar o país a enfrentar desafios territoriais e climáticos. “Estamos criando soluções financeiras que fortalecem nossa capacidade de planejar o futuro, principalmente em regiões que sofrem historicamente com desigualdade de infraestrutura”, disse.
Brasil-China: parceria em expansão
A reunião em Xangai reforça o peso da cooperação Brasil-China dentro do BRICS. Para além da troca comercial, a parceria agora se traduz em financiamento para obras estruturantes que conectam o país às cadeias globais de valor. O investimento do NDB se soma a outros acordos em negociação, totalizando US$ 1,8 bilhão em captação de recursos junto a organismos multilaterais como Banco Mundial, BID e Agência Francesa de Desenvolvimento.
No contexto da COP30, que acontecerá em Belém ainda este ano, a injeção bilionária ganha contornos políticos e simbólicos. O Brasil pretende apresentar ao mundo não apenas compromissos ambientais, mas também projetos concretos de infraestrutura verde apoiados por parceiros estratégicos.
Infraestrutura como motor de integração regional
A aposta em corredores logísticos, como as ferrovias e hidrovias, busca reduzir custos de transporte e aumentar a competitividade das exportações brasileiras — de grãos à energia limpa. Ao mesmo tempo, abre espaço para investimentos conjuntos com a China em inovação tecnológica e sustentabilidade, consolidando a imagem do Brasil como um polo estratégico no Sul Global.
Para analistas, o acordo com o Banco do BRICS mostra que o Brasil busca não apenas financiamento, mas também protagonismo em uma agenda internacional que conecta desenvolvimento, clima e cooperação multilateral. Ou, como resumiu um diplomata em Pequim, “é um passo para transformar infraestrutura em soberania e sustentabilidade em futuro compartilhado”.