O porta-voz da presidência da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeina, expressou preocupação nesta segunda-feira (11/03) referente aos últimos comentários feitos pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sobre o presidente norte-americano, Joe Biden — este que, por sua vez, tem se manifestado cada vez mais receoso em relação aos avanços das tropas militares de Israel ao sul do enclave palestino, em Rafah.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, Abu Rudeina considerou que a fala de Netanyahu de que Tel Aviv estabelecerá “sua própria linha vermelha em Gaza” indicou as “verdadeiras intenções da ocupação israelense de cometer mais crimes de guerra e genocídio contra o povo palestino, e continuar as suas tentativas de expulsá-lo de sua terra e de sua pátria”.
O porta-voz também criticou que os ataques israelenses incluem a “imposição de restrições na entrada à Mesquita de Al Aqsa, especialmente no mês do Ramadã”. Para Abu Rudeina, tal postura está “colocando lenha na fogueira”.
Crise entre Netanyahu e Biden
Na manhã desta mesma segunda-feira, Netanyahu contrariou os comentários que seu aliado norte-americano fez durante uma entrevista concedida ao canal MSNBC, no último sábado (09/03).
Biden havia acusado o premiê israelense de “prejudicar mais do que ajudar” Israel, orientando-o a “pensar duas vezes” antes de lançar a próxima fase da operação militar contra os palestinos em Rafah, um dos últimos lugares onde os civis podem se abrigar no enclave.
A autoridade de Tel Aviv declarou que Biden “está errado” e enfatizou que suas políticas para Gaza são apoiadas “pela maioria da população” de Israel.
“Não sei exatamente o que o presidente quis dizer. Mas se ele quis dizer que estou adotando políticas privadas contra os desejos da maioria dos israelenses, e que isso está ferindo os interesses de Israel, então ele está errado”, disse Netanyahu, em entrevista ao site Politico, negando que se tratam de “políticas privadas”, mas sim de “políticas apoiadas pela ampla maioria dos israelenses”.
“Ou Israel ou Hamas. Não há meio termo. Quer dizer, temos que ter essa vitória […] Para nós, Israel, não apenas para mim, mas para o povo de Israel, essa é uma linha vermelha. Não podemos deixar o Hamas sobreviver”, concluiu o premiê.