Às margens do rio Chishui, o “museu natural do shoyu” preserva séculos de saber artesanal

Campo de fermentação a céu aberto em Luzhou mantém viva a técnica tradicional da marca Xianshi, considerada patrimônio cultural imaterial nacional.

Foto: Reprodução

À beira do rio Chishui, no condado de Hejiang, em Luzhou, província de Sichuan, o ar é tomado por um aroma denso e prolongado de molho de soja. No interior do Xianshi Soy Sauce Chishui River Manor, fileiras de grandes potes de fermentação ao sol se alinham ordenadamente ao longo da margem, formando um cenário rústico e imponente. O conjunto, onde a paisagem fluvial enquadra o processo produtivo, ganhou o apelido de “museu natural do shoyu da China”, justamente por transformar o próprio local de trabalho em uma exposição viva da cultura culinária tradicional.

A técnica de fabricação do shoyu Xianshi tem uma história longa: surgiu na dinastia Han, ganhou força na dinastia Tang e alcançou seu auge na dinastia Qing. Todo o processo segue métodos manuais tradicionais, da seleção dos ingredientes às etapas de fermentação e maturação, respeitando o tempo e as condições naturais. O campo de fermentação e os ateliês de produção do manor são hoje apontados como o espaço de exposição ao sol mais antigo ainda em uso contínuo na China, preservado de forma íntegra, assim como as oficinas de fabricação associadas.

Esse conjunto de estruturas, mantido em operação no mesmo local por gerações, faz do Xianshi Soy Sauce Chishui River Manor um raro exemplo de “fábrica-museu”: enquanto os potes expostos ao sol cumprem sua função produtiva, também revelam ao visitante cada etapa da técnica ancestral. A paisagem de centenas de recipientes dispostos em curvas ao longo do rio funciona como uma vitrine a céu aberto, em que o cheiro, a textura e o ambiente de trabalho ajudam a contar uma história que atravessa séculos.

Reconhecida como item representativo do patrimônio cultural imaterial em nível nacional, a técnica tradicional de fabricação do shoyu Xianshi é frequentemente descrita como um “fóssil vivo” da arte de fermentar molhos de soja na China. O título não é mero recurso retórico: ao preservar tanto a prática quanto o espaço físico em que ela se desenvolve, o manor demonstra como o saber artesanal pode ser protegido sem perder sua funcionalidade. Para quem visita a região, o “museu natural do shoyu” se torna, ao mesmo tempo, uma janela para a história e um lembrete de que a culinária chinesa se apoia em correntes de transmissão cultural que seguem ativas até hoje.

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