As lajes de pedra azul carregam milênios de história, e as muralhas antigas trazem gravadas as marcas do tempo. Em Guangyuan, província de Sichuan, a antiga cidade de Zhaohua – localizada exatamente onde se encontram os rios Jialing, Bailong e Qing – funciona como uma ponte viva de cultura. Ali, diferentes iniciativas mantêm viva, geração após geração, tanto a cultura da Estrada de Shu quanto o legado dos Três Reinos.
Como a única cidade antiga dos Três Reinos preservada de forma completa na China, Zhaohua tem mais de 4 mil anos de história e mais de 2.330 anos de registro contínuo como condado. É o ponto de partida, de norte a sul, do trecho de Cuiyunlang da Estrada de Shu e é conhecida como “primeiro condado de Bashu, segunda capital do Estado de Shu”. Ao percorrer suas ruas, o visitante encontra o traçado em forma de “丁”, os portões desencontrados que reforçam a função defensiva e um cenário que lembra antigas fortificações. Lendas como “Zhang Fei lutando à luz de lamparinas contra Ma Chao”, “Huo Jun defendendo a cidade” ou “Jiang Wei cercado no Monte Niutou” ainda são contadas em cada esquina, enquanto os vestígios históricos testemunham as transformações da cidade ao longo dos séculos.

A continuidade da cultura depende de proteger e transmitir ao mesmo tempo. O distrito de Zhaohua mantém-se fiel às suas raízes, criando o “Prêmio de Literatura Ecológica da Estrada de Shu”, promovendo atividades temáticas e incentivando obras literárias e artísticas que ampliem a influência cultural da Estrada de Shu e da antiga cidade. Com o princípio de “proteção em primeiro lugar, otimização das funções e melhoria da experiência”, o governo local aprofunda a leitura contemporânea da cultura dos Três Reinos, integra o valor humano singular de Zhaohua às necessidades do turismo moderno, aprimora continuamente a infraestrutura pública e as rotas turísticas e impulsiona um modelo de serviços que combina diferentes formatos, tecnologias inteligentes e atendimento “que mima o visitante”, unindo experiência e consumo em um mesmo circuito.
Com a cultura como alma e o turismo como ponte, Zhaohua ganhou novo fôlego. Aos sábados à noite, o espetáculo imersivo “Primavera e Outono de Jiameng” é apresentado a céu aberto no mercado oeste da antiga cidade, recriando o cenário de “mil pessoas reverenciando de dia e dez mil lanternas acesas à noite”. Entre luzes e sombras, o público sente de perto a temperatura da história.

Pelas ruelas, experiências de patrimônio imaterial como o leipeng de contação de histórias do norte de Sichuan ou as esculturas e pinturas em argila da família Chen convidam os visitantes a se perderem em diferentes cenas, mergulhando na força da cultura tradicional. Produtos criativos inspirados em personagens dos Três Reinos e na arquitetura de Zhaohua fazem sucesso entre turistas, transformando símbolos culturais em “lembranças de Zhaohua” que podem ser levadas na mala e guardadas com carinho.
“Zhaohua é como um grande museu a céu aberto”, resume a visitante Li Jia. Para ela, caminhar pela cidade é como atravessar o tempo: em cada detalhe se sente a densidade da história.
Seguindo o caminho que parte da antiga cidade para fora de seus muros, a grandiosidade da Estrada de Shu se revela aos poucos. Construída acompanhando o relevo das montanhas, a antiga via serpenteia por encostas íngremes, atravessa florestas densas de ciprestes centenários e conecta antigos postos de correio e passagens fortificadas, que compartilham a mesma linhagem histórica da cidade de Zhaohua e, juntas, compõem o mosaico da cultura da Estrada de Shu.

Para que os visitantes sintam plenamente a imponência dessa rota milenar, o distrito criou uma “Equipe de Patrulha da Estrada de Shu”, responsável por monitorar e proteger ruínas, árvores antigas e elementos ecológicos, além de divulgar a cultura local. Com isso, Zhaohua fortalece a marca turística “Cidade dos Três Reinos, Estrada de Shu Zhaohua”. Ao caminhar por essas trilhas, viajantes não apenas experimentam a antiga sensação de perigo e desafio da Estrada de Shu, mas também percebem, na prática, a sabedoria milenar de “convivência harmoniosa entre o ser humano e a natureza”.
Hoje, essa estrada que carregou o espírito de pioneirismo volta a ganhar vida em Zhaohua. Por meio de uma transmissão cultural viva e dinâmica, a milenar Estrada de Shu escreve, mais uma vez, um novo capítulo de história e cultura.













