As tensões entre Estados Unidos e China ganharam um novo capítulo nesta terça-feira (14), depois que o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, acusou Pequim de “deliberadamente tentar prejudicar a economia mundial” e usar seus recursos estratégicos para “criar dependência e instabilidade nos mercados globais”.
Em declarações à imprensa em Washington, Bessent afirmou que a China estaria manipulando cadeias produtivas globais e controlando de forma política as exportações de produtos essenciais, como minerais críticos, semicondutores e equipamentos de energia limpa. Segundo ele, “as ações de Pequim colocam em risco o equilíbrio da economia internacional e desafiam o comércio livre e justo”.
A fala ocorre em meio à escalada da guerra comercial entre os dois países, reacendida pelo governo de Donald Trump, que vem cogitando ampliar tarifas sobre produtos chineses e impor novas restrições a setores de alta tecnologia.
China reage e acusa os EUA de coerção
Em resposta, o Ministério do Comércio da China classificou as acusações como “infundadas e irresponsáveis”, afirmando que o país asiático “atua de forma transparente e em conformidade com as regras internacionais”. Segundo o porta-voz da pasta, os controles de exportação chineses “são medidas legítimas de segurança nacional e não devem ser confundidos com sanções econômicas”.
Pequim também criticou o que chamou de “duplo padrão americano”, lembrando que os Estados Unidos vêm ampliando restrições unilaterais contra empresas chinesas nos setores de chips, energia e navegação. “Os EUA falam em livre mercado, mas são os primeiros a distorcê-lo”, afirmou o comunicado.
Mercados em alerta
As declarações de Bessent provocaram reação imediata nos mercados globais. Bolsas asiáticas e europeias fecharam em leve queda, enquanto o preço do cobre e do lítio — ambos fundamentais para a indústria tecnológica — registrou alta. Analistas apontam que o discurso do Tesouro norte-americano reforça a retórica de confronto, em um momento em que as negociações bilaterais sobre tarifas e exportações estratégicas ainda estão paralisadas.
“Trata-se de uma disputa que vai além do comércio. É uma batalha pela liderança tecnológica e pelo controle das cadeias globais de suprimentos”, avalia o economista Daniel Weiss, da consultoria americana MacroScope.
Impactos para o Brasil e o mundo
O impasse entre as duas maiores economias do planeta tem repercussões diretas para países emergentes como o Brasil, que mantém fortes laços comerciais com ambos os lados. Um agravamento da disputa pode afetar os preços internacionais de commodities agrícolas e minerais, mas também abrir oportunidades para exportadores brasileiros preencherem lacunas no mercado global.
Com os Estados Unidos elevando o tom e a China reagindo com firmeza, o mundo volta a assistir a uma guerra comercial em expansão, onde cada declaração tem peso imediato sobre bolsas, moedas e expectativas econômicas.
Enquanto Washington acusa e Pequim rebate, a estabilidade global segue em suspenso — e o futuro do comércio internacional, mais uma vez, depende do equilíbrio entre diplomacia e poder econômico.