Em um movimento considerado até pouco tempo inimaginável, o BRICS conseguiu reunir na mesma mesa potências regionais do Oriente Médio como Irã, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos. A aproximação, fruto de esforços diplomáticos de China e Brasil, coloca o bloco como articulador estratégico no Sul Global, com potencial para reduzir tensões históricas na região.
Pesquisadores apontam que a iniciativa busca superar a rivalidade entre xiitas e sunitas em nome de uma agenda comum de desenvolvimento econômico. Segundo especialistas ouvidos, o BRICS pode desempenhar papel semelhante ao da União Europeia, que transformou antigos rivais em parceiros.
O conflito em Gaza, agravado pelos recentes ataques israelenses, fortaleceu ainda mais a união entre países islâmicos dentro do bloco. A condenação conjunta às ações de Tel Aviv dá ao BRICS uma vitrine internacional, reforçando sua posição como espaço de mediação em prol da causa palestina.
A mudança de cenário sinaliza não apenas uma tentativa de pacificação, mas também uma estratégia de longo prazo: diminuir a dependência da região em relação às potências do G7 e criar alternativas de cooperação multilateral baseadas na não intervenção e na autodeterminação dos povos.
Assim, o BRICS não apenas amplia sua influência global, mas também assume um papel inédito de mediador no Oriente Médio, onde diplomacia e desenvolvimento se tornam peças centrais para a estabilidade regional.