O presidente da China, Xi Jinping, participou nesta segunda-feira (8) da cúpula virtual do BRICS, convocada e presidida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso, Xi apresentou três propostas centrais para ampliar a cooperação entre os países do bloco e reforçar a posição do Sul Global diante das tensões comerciais e políticas que marcam o cenário internacional.
Xi ressaltou que o mundo vive “transformações não vistas em um século”, com hegemonismo, unilateralismo e protecionismo em ascensão, fenômenos que afetam a estabilidade econômica e o comércio global. Para o líder chinês, os países do BRICS — que reúnem quase metade da população mundial e 30% do PIB global — devem assumir protagonismo como voz do Sul Global.
A primeira proposta foi a defesa firme do multilateralismo, com maior democratização das relações internacionais e reforma das instituições globais. Xi destacou que a ONU deve permanecer como centro do sistema internacional e pediu mais representatividade para os países em desenvolvimento.
O segundo ponto foi o compromisso com a abertura econômica e o combate ao protecionismo. Segundo Xi, a globalização é uma tendência irreversível e nenhum país pode se isolar sem prejuízos. Ele defendeu o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a criação de uma globalização mais inclusiva, que coloque o desenvolvimento no centro da agenda internacional e assegure benefícios concretos para os países emergentes.
Por fim, Xi propôs o fortalecimento da solidariedade e da cooperação prática. Ele citou a Iniciativa de Desenvolvimento Global e a Nova Rota da Seda como instrumentos para aprofundar parcerias em áreas como comércio, finanças, ciência e tecnologia. Para o presidente, quanto mais unidos estiverem os membros do BRICS, maior será a capacidade do bloco de enfrentar riscos externos e gerar resultados para suas populações.
A reunião contou ainda com a participação de líderes da Rússia, África do Sul, Egito, Irã, Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Índia e Etiópia. Em declarações conjuntas, os participantes criticaram medidas unilaterais e o uso do comércio como ferramenta de pressão política, defendendo a necessidade de reforçar o sistema multilateral baseado em regras.
Ao final do encontro, analistas destacaram que as propostas de Xi servem como um guia para dar mais estabilidade ao cenário internacional e fortalecer a relevância do BRICS como contraponto às grandes potências tradicionais. Para o Brasil, que preside o bloco em 2025, a cúpula representou uma oportunidade de consolidar seu papel de articulador e aproximar ainda mais sua agenda da China, principal parceiro econômico e aliado estratégico no esforço por um comércio internacional mais equilibrado.