O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou estado de emergência de segurança pública em Washington e ordenou o envio de 800 soldados da Guarda Nacional para a capital, assumindo temporariamente o controle do departamento de polícia local. A decisão, anunciada em 12 de agosto, foi justificada pela Casa Branca como resposta ao que Trump chamou de aumento da criminalidade, deterioração urbana e ameaças à segurança federal.
Baseado na Seção 740 da Lei de Autonomia de 1973, o decreto transfere por até 30 dias a autoridade policial da capital para o governo federal, prazo que pode ser estendido com aprovação do Congresso. Segundo Trump, Washington enfrenta índices de homicídios e roubos acima da média nacional, além de problemas como acampamentos de sem-teto e infraestrutura degradada.
A prefeita Muriel Bowser reagiu duramente, classificando a medida como “perturbadora e sem precedentes”. Dados da polícia local apontam queda de 26% nos crimes violentos em 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, o que, segundo ela, contradiz a narrativa presidencial. O procurador-geral do Distrito de Columbia, Brian Schwalb, chamou a ação de “ilegal e desnecessária” e sinalizou que buscará medidas judiciais.
O episódio remete a outros momentos em que Trump mobilizou a Guarda Nacional dentro do país, como nos protestos do movimento Black Lives Matter, em 2020, e na invasão do Capitólio, em 2021. Mais recentemente, o presidente também enviou tropas a Los Angeles durante operações de imigração, gerando protestos e ações na Justiça.
Especialistas avaliam que a disputa em Washington reflete um embate maior sobre os limites do uso de forças militares em solo americano. Para alguns democratas, a medida é um ato de “teatro político” que ignora avanços recentes na segurança pública. Já aliados de Trump defendem que a intervenção é necessária para “restaurar a ordem” na capital.
Embora o caso seja interno, ele repercute no exterior, inclusive no Brasil, onde observadores acompanham como mudanças no cenário político norte-americano podem influenciar agendas de segurança, imigração e relações internacionais. Para brasileiros e chineses que vivem nos EUA — especialmente em Washington, uma cidade marcada pela diversidade cultural —, a mobilização militar federal é mais um sinal da tensão política que molda o país às vésperas de decisões estratégicas globais.