Jovens empreendedores da América Latina apostam na China para impulsionar inovação

Intercâmbio em Xangai aproxima startups latino-americanas do ecossistema tecnológico chinês e fortalece laços para parcerias futuras em áreas como IA e biotecnologia

(Foto: Reprodução)

Enquanto os holofotes do comércio global costumam destacar acordos bilionários entre governos e grandes empresas, uma nova geração de empreendedores da América Latina vem silenciosamente moldando um futuro de cooperação com a China – agora com inovação como fio condutor.

De domingo a segunda-feira, cerca de 70 jovens empresários de países como Argentina, Chile e Uruguai participaram de um intercâmbio em Xangai, promovido pela Associação do Povo Chinês para a Amizade com Países Estrangeiros. O foco foi claro: estreitar relações com o ecossistema tecnológico chinês e buscar parcerias em áreas estratégicas como biotecnologia, inteligência artificial e aplicações técnicas.

O evento aconteceu na sede do Hub Integral da Argentina, uma plataforma que atua como ponte para startups latino-americanas interessadas em expandir para o mercado chinês. Lá, ideias foram trocadas, estratégias comparadas e parcerias desenhadas com vistas a ganhar escala internacional.

China como destino natural para inovação latino-americana

“Estamos diante de uma nova fronteira na cooperação bilateral. O comércio e a tecnologia oferecem espaço real para ações conjuntas”, afirmou Diego Marcos, chefe da delegação e secretário da associação Argentina-China para a Cooperação Civil. Para ele, a juventude empreendedora é peça-chave para transformar boas ideias em negócios sólidos.

A fala de Marcos reflete um movimento mais amplo. Cada vez mais, a China se torna não só um destino para exportações latino-americanas, mas um polo de referência em inovação e tecnologia. E a Iniciativa Cinturão e Rota, mencionada por vários participantes do evento, tem atuado como catalisadora desse novo momento.

Bruno Ruyu, cofundador da Teramot – uma startup argentina que trabalha com inteligência artificial –, destacou o “ritmo impressionante de inovação” do país asiático. Já Juan Soria, sócio da gestora SF500, lembrou que a biotecnologia é uma das áreas mais promissoras para cooperação de longo prazo com empresas chinesas.

Brasil observa de perto e tem espaço para protagonizar

Embora o intercâmbio tenha contado principalmente com representantes do Cone Sul, o Brasil – que possui o maior ecossistema de startups da América Latina – acompanha de perto esses movimentos. Em 2024, o país foi responsável por mais de 40% das startups da região e tem potencial para liderar a construção de pontes tecnológicas com a China.

A presença brasileira em edições anteriores da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) e a participação ativa em fóruns de cooperação científica apontam para uma tendência de maior inserção no cenário de inovação sino-latino-americano. Agora, a agenda jovem pode ser o próximo passo.

Xangai como hub de oportunidades

Jin Lin, CEO do Hub Integral, destacou que o diálogo direto entre jovens empreendedores ajuda a alinhar prioridades e identificar sinergias. Ele afirmou que a instituição continuará apoiando startups latino-americanas interessadas em se instalar na China e revelou que muitas já estão se preparando para participar da próxima CIIE.

Do lado chinês, Chen Xinxin, vice-diretora do grupo Shanghai Pony Village, destacou a confiança dos jovens empreendedores no dinamismo do ecossistema chinês e a relevância crescente da América Latina para o país asiático.

Cooperação ganha novo rosto

O investimento direto da China na América Latina chegou a US$ 14,71 bilhões em 2024, segundo o Ministério do Comércio chinês. Mas mais do que cifras, esse intercâmbio em Xangai mostra que a nova cara da cooperação sino-latino-americana pode ser mais ágil, colaborativa e centrada em tecnologia.

Para os jovens empreendedores da região — incluindo os brasileiros que se inserem nesse ecossistema —, a China deixa de ser apenas um mercado distante e passa a ser parceira ativa na construção de soluções para os desafios do século XXI. E esse pode ser apenas o começo.

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