China reage a tarifaço dos EUA contra o Brasil e condena política de intimidação econômica

Governo chinês reforça apoio ao Brasil em meio a tensões comerciais globais e alerta para riscos do protecionismo norte-americano

(Foto: Reprodução / Alan Santos / PR)

O governo da China criticou de forma direta, nesta sexta-feira (11), a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, classificando a medida como “coerção” e “intimidação”. A resposta veio por meio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, durante entrevista coletiva em Pequim.

“A igualdade soberana e a não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta das Nações Unidas e normas básicas nas relações internacionais. As tarifas não devem ser uma ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”, afirmou Mao, ao ser questionada por jornalistas sobre o impacto das sanções econômicas norte-americanas ao Brasil.

A declaração fortalece o tom de solidariedade entre Pequim e Brasília, que já vinha sendo demonstrado desde o anúncio do chamado “tarifaço” pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No início da semana, Mao Ning já havia criticado o protecionismo americano, destacando que “não há vencedores em uma guerra comercial ou tarifária” e alertando para prejuízos globais gerados por medidas unilaterais.

A decisão de Trump afeta diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como aço, petróleo e aviação, e foi interpretada por analistas internacionais como uma tentativa de pressionar o governo Lula a se afastar da China no contexto das discussões do BRICS.

Brasil e China: alinhamento reforçado

O gesto de apoio público da diplomacia chinesa sinaliza que, mesmo em meio às tensões, a parceria entre Brasil e China segue sólida. Recentemente, os dois países aprofundaram acordos nas áreas de infraestrutura, tecnologia espacial e comércio agrícola, além de defenderem em conjunto uma ordem econômica multipolar.

Segundo fontes ouvidas pela Agência Brasil China em Pequim, a posição do governo chinês reflete não apenas solidariedade ao Brasil, mas também um posicionamento estratégico no cenário geopolítico atual. “A China quer deixar claro que está disposta a apoiar parceiros do Sul Global frente a pressões externas, especialmente dos EUA”, afirmou uma fonte ligada ao Ministério do Comércio chinês.

Impactos no comércio Brasil-China

Apesar da disputa tarifária ser focada entre Brasil e Estados Unidos, especialistas apontam que a situação pode influenciar o fluxo comercial Brasil-China. Se as exportações brasileiras forem prejudicadas no mercado norte-americano, empresas brasileiras podem buscar compensação em mercados asiáticos — especialmente no setor de commodities, onde a China é o maior cliente do Brasil.

“A lógica é clara: se os EUA impõem barreiras, o Brasil precisa de alternativas para escoar seus produtos. A China é naturalmente o parceiro mais relevante nesse cenário”, avalia Ana Paula Oliveira, consultora em relações internacionais.

Sinal para o BRICS

A reação de Pequim ocorre também às vésperas da cúpula do BRICS, marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, onde Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutirão justamente temas como governança global, multipolaridade e comércio internacional.

Com a escalada das tensões comerciais e o aumento da retórica protecionista dos EUA, a expectativa é de que a reunião sirva como palco para reafirmar o compromisso dos países-membros em buscar soluções conjuntas e ampliar a cooperação Sul-Sul.

A equipe da Agência Brasil China seguirá acompanhando de perto os desdobramentos diplomáticos e comerciais desse episódio e trará atualizações em tempo real sobre os próximos passos entre Brasil, China e Estados Unidos.

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