Em mais um passo para estreitar os laços entre Brasil e China, representantes dos dois países assinaram um memorando de entendimento voltado à cooperação turística. A iniciativa, oficializada durante a 10ª Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), busca não apenas ampliar o fluxo de turistas entre as nações, mas também fortalecer a infraestrutura, capacitação profissional e promoção conjunta dos destinos.
O documento foi assinado por Celso Sabino, ministro do Turismo do Brasil, e Hu Heping, ministro da Cultura e Turismo da China. A cerimônia aconteceu no Itamaraty, em Brasília, e simboliza o crescente interesse de ambos os lados em desenvolver rotas sustentáveis, acessíveis e culturalmente enriquecedoras para os viajantes.
“Essa parceria com a China reforça o reconhecimento internacional do Brasil como um destino turístico diverso e acolhedor. Estamos confiantes de que esse novo capítulo trará mais visitantes, investimentos e intercâmbio de conhecimento”, destacou Sabino durante o encontro.
Turismo como vetor de conexão cultural e econômica
O novo acordo prevê ações práticas como campanhas de divulgação mútua, facilitação de vistos, estímulo a novas rotas aéreas diretas, intercâmbio de boas práticas na gestão de destinos e capacitação técnica para profissionais do setor.
Atualmente, o número de turistas chineses no Brasil ainda é modesto — cerca de 60 mil por ano antes da pandemia —, mas a retomada do setor, somada ao crescente interesse chinês por destinos exóticos e naturais, pode transformar esse cenário. O Brasil, com suas praias, florestas, diversidade cultural e cidades icônicas como Rio de Janeiro e Salvador, tem potencial para se tornar uma rota de destaque no mercado outbound da China.
Para a China, o turismo é peça-chave de sua diplomacia cultural. Com a retomada gradual das viagens internacionais após a pandemia, o governo chinês tem incentivado seus cidadãos a explorarem novos destinos, e o Brasil aparece como uma opção estratégica na América Latina. Além disso, a crescente comunidade chinesa no Brasil também atua como ponte para facilitar essa troca.
Aviação, vistos e investimentos
Um dos pontos mais sensíveis para ampliar o turismo entre os dois países é a conectividade aérea. Atualmente, não há voos diretos regulares entre Brasil e China — o que obriga o turista a fazer longas escalas. Com o novo memorando, espera-se que companhias aéreas brasileiras e chinesas iniciem estudos para viabilizar rotas diretas, principalmente entre São Paulo, Pequim, Xangai ou Guangzhou.
Outro fator decisivo será a facilitação de vistos. A embaixada da China no Brasil já demonstrou interesse em flexibilizar e digitalizar parte do processo, o que pode aumentar a atratividade do destino. O mesmo vale para o lado brasileiro: simplificar o acesso a turistas chineses é fundamental para o sucesso da parceria.
Além do turismo de lazer, o memorando também mira no turismo de negócios e em eventos, setor no qual a China já tem tradição e interesse. A participação chinesa em feiras brasileiras, e vice-versa, pode crescer com apoio mútuo para promoção e infraestrutura.
Um passo a mais na diplomacia Brasil-China
A assinatura do acordo turístico não é um ato isolado. Ela se soma a uma série de iniciativas que vêm sendo intensificadas ao longo de 2024 e 2025, especialmente no contexto dos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China.
Recentemente, os dois países anunciaram avanços em outras frentes, como cooperação ferroviária, intercâmbios acadêmicos, e acordos na área energética e tecnológica. O turismo, nesse sentido, funciona como uma via de mão dupla para reforçar laços culturais e econômicos, promovendo uma imagem de confiança e parceria sólida.
Para jovens viajantes brasileiros e chineses, essa aproximação pode significar mais do que passagens mais baratas: representa a chance de conhecer de perto culturas milenares, abrir portas para oportunidades de estudo e negócios, e participar ativamente de uma nova era de integração entre América do Sul e Ásia.
Com o novo memorando, Brasil e China plantam as sementes de um intercâmbio turístico mais fluido, moderno e simbólico — capaz de transformar visitantes em pontes vivas entre os dois povos.