O Rio de Janeiro foi palco, no último dia 30 de junho, de um encontro estratégico entre nações emergentes. O Seminário do BRICS sobre Governança e o Fórum de Intercâmbios Culturais 2025 reuniu mais de 120 representantes do Brasil, China e demais países do bloco ampliado BRICS+, sob o lema “Trazer mais certeza e estabilidade para as mudanças globais”.

O encontro acontece num momento em que o grupo — agora reforçado pela recente ampliação, que incluiu novos países como Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — busca consolidar sua voz em um cenário internacional marcado por tensões geopolíticas, transições energéticas e disputas comerciais. A proposta é clara: afirmar o BRICS+ como um polo de estabilidade e uma alternativa ao modelo de governança global dominado pelas potências ocidentais.
Multipolaridade como resposta à instabilidade
Autoridades chinesas presentes destacaram que a nova fase do BRICS amplia sua capacidade de influência e representatividade, reforçando o papel do grupo na construção de uma ordem mundial mais equitativa. A proposta de uma multipolaridade justa e ordenada, combinada a uma globalização mais inclusiva, foi enfatizada como um caminho para enfrentar os desafios do século XXI — de crises econômicas a transformações tecnológicas e mudanças climáticas.
A presidente do Instituto Lula, Ivone Silva, também reforçou essa linha, lembrando que os países do BRICS representam cerca de 40% da população mundial e respondem por um terço do PIB global. “A cooperação entre essas nações não é apenas uma resposta ao atual cenário geopolítico; é uma oportunidade de moldar um futuro mais equilibrado e sustentável”, afirmou.
Cultura e diálogo como pontes estratégicas
Além das discussões sobre governança, o fórum também deu destaque ao intercâmbio cultural como ferramenta essencial de aproximação entre os povos do BRICS+. Ao unir debates políticos a trocas culturais, o evento reforçou o papel da diplomacia pública e da comunicação como formas de promover entendimento mútuo, combater estereótipos e valorizar a diversidade.

Nesse ponto, Brasil e China aparecem como protagonistas. Enquanto a China reforça sua política de fortalecimento da parceria Sul-Sul e amplia sua presença cultural por meio do idioma, da mídia e da cooperação acadêmica, o Brasil tem buscado, cada vez mais, projetar sua identidade cultural e construir pontes com a Ásia e a África. O evento foi também uma vitrine dessa aproximação, com participação ativa de representantes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao lado de autoridades chinesas como o Departamento de Comunicação do Comitê Central do Partido Comunista e a Administração de Publicações em Línguas Estrangeiras da China.
Brasil-China: cooperação em múltiplas frentes
A crescente parceria entre Brasil e China esteve presente nas entrelinhas do evento. O seminário reforçou não só o peso dos dois países dentro do BRICS+, mas também sua sintonia em temas como defesa do multilateralismo, desenvolvimento sustentável e inclusão digital.
Com o Brasil na presidência rotativa do BRICS em 2025, e com a próxima cúpula marcada para julho no Rio de Janeiro, o seminário se apresenta como um aquecimento importante — tanto no plano político quanto simbólico. Mais do que uma reunião diplomática, o evento serviu como afirmação de um novo protagonismo global, que passa cada vez mais pelo eixo Sul-Sul.
Em tempos de instabilidade global, a mensagem do Rio é clara: os países do BRICS estão dispostos a assumir responsabilidades maiores e a oferecer novos caminhos de cooperação, onde o diálogo, a equidade e o respeito à diversidade cultural são os principais motores.
