Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, sede da Presidência da Rússia, declarou nesta terça-feira (26/11) que a ideia ocidental de fornecer armas nucleares à Ucrânia é “altamente extremista”.
“Mesmo as políticas mais provocativas que visam aumentar as tensões têm um aspecto altamente extremista. Então, provavelmente, esse ponto de vista pertence a esse flanco ultra-extremista”, disse o funcionário do Kremlin.
Ele observou que essa é “uma linha de raciocínio absolutamente irresponsável daqueles com uma compreensão pobre da realidade”.
A declaração de Peskov decorre de um relato do jornal norte-americano The New York Times da última quinta-feira (21/11), na qual indicava que algumas autoridades nos EUA e na Europa propuseram devolver armas nucleares a Kiev, que a Ucrânia desistiu após a queda da União Soviética.
Sem armas nucleares, a Ucrânia ataca centrais nucleares no conflito contra a Rússia. Segundo o Ministério da Defesa de Moscou, as Forças Armadas ucranianas lançaram vários ataques contra a cidade de Energodar e o território adjacente à central nuclear de Zaporozhie nas últimas 24 horas.
A organização militar detalhou que o sistema de defesa antiaérea destruiu os drones. Como resultado dos ataques, não foram registadas vítimas, mas um edifício administrativo foi danificado.
“Atualmente, o pessoal da central nuclear de Zaporozhie continua a trabalhar normalmente, mantém as instalações da central nuclear e monitoriza a situação radioativa”, afirmou o comunicado russo.
Nos últimos meses, as Forças Armadas ucranianas atacaram repetidamente Energodar e a central nuclear com drones e artilharia. Contudo, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou que “ um acidente nuclear deve ser evitado a todo custo e uma usina nuclear nunca deve ser atacada”.
“As consequências poderiam ser desastrosas e ninguém se beneficiaria. Continuo determinado a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para proteger a segurança nuclear enquanto os combates continuam”, declarou o alto funcionário.
Por sua vez, Kiev acusou a Rússia de lançar um número recorde de 188 drones, além de quatro mísseis balísticos Iskander-M, contra o país, também na madrugada desta terça-feira (26/11).
“Infelizmente, foram atingidas infraestruturas críticas e foram danificados edifícios privados e condomínios em diversas regiões por causa dos ataques”, diz um comunicado da Aeronáutica, acrescentando, por outro lado, que o bombardeio não deixou vítimas nem feridos.
Segundo as forças ucranianas, pelo menos 76 drones foram abatidos pela defesa antiaérea do país, que conta com equipamentos fornecidos por potências ocidentais, nas províncias de Kiev, Cherkasy, Kirovohrad, Chernihiv, Sumy, Kharkiv, Poltava, Zhytomyr, Khmelnytsky, Vinnytsia, Chernivtsi, Ternopil, Rivne, Zaporizhzhia, Dnipro, Odessa e Mykolaiv.
Outros 95 drones estão desaparecidos, supostamente devido a contramedidas de guerra eletrônica adotadas pela Ucrânia.
Escalada na guerra
A intensificação do conflito entre Moscou e Kiev começou em 17 de novembro, quando Biden autorizou a Ucrânia atacar a Rússia com mísseis norte-americanos de longo alcance. Na ocasião, Moscou classificou a decisão como uma “nova rodada de tensão”.
Kiev então realizou o ataque em 19 de novembro, quando o Ministério da Defesa russo confirmou que as Forças Armadas Ucranianas lançaram um ataque com seis mísseis balísticos ATACMS contra instalações militares na região de Bryansk.
Em resposta, Putin aprovou no mesmo dia a nova doutrina nuclear atualizada da Rússia. O documento afirma que o país se reserva o direito de usar armas nucleares em resposta ao uso de armas de destruição em massa contra o país ou seus aliados. Na prática, a ideia implica em uma flexibilização dos termos que possibilitam um ataque nuclear por parte de Moscou, com foco em sua defesa.
A Rússia também interceptou os dois mísseis de cruzeiro Storm Shadow, do Reino Unido, disparados do território ucraniano.
Em resposta, realizou um ataque na última quinta-feira (21/11) contra a Ucrânia usando um míssil balístico de alcance intermediário, o Oreshnik, em um ataque não nuclear visando a planta de defesa Yuzhmash da Ucrânia em Dnepr (anteriormente conhecida como Dnepropetrovsk). Ao realizar o ataque, Putin acusou os EUA de “destruírem o sistema de segurança internacional e empurrar o mundo para um conflito global”.